O avanço da obra da nova ponte do Guaíba faz a atual travessia, a do vão móvel, perder, aos poucos, o protagonismo que a transformou em um dos cartões-postais de Porto Alegre. Inaugurada em dezembro de 1958, a ligação entre a Capital e o sul e o oeste do Estado tende a perder movimentação de veículos a partir do primeiro semestre do próximo ano, quando a estrutura em construção logo ao lado deverá ficar pronta, conforme estimativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Mesmo assim, a velha ponte seguirá em operação.
Responsável pelo içamento do vão móvel desde fevereiro, a concessionária CCR ViaSul promete realizar melhorias. Assim que a nova ponte estiver em funcionamento, a empresa pretende modernizar a estrutura construída há mais de 60 anos.
Gestor de engenharia da CCR ViaSul, Elvio Torres sublinha que a intenção da companhia é trocar equipamentos usados no içamento do vão móvel, como motores e cabos, além de instalar sensores e controladores mais modernos. Para fazer as mudanças, a velha ponte terá o tráfego rodoviário interrompido por período a ser acordado pela concessionária com órgãos públicos, como Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Capitania dos Portos.
– A ponte do vão móvel vai continuar em operação. Não será desativada. Mas, para modernizar a estrutura, é necessário que a nova ponte esteja liberada – frisa Torres.
Desde que assumiu a concessão, válida por 30 anos, a CCR ViaSul afirma que vem realizando serviços de conservação, como a limpeza embaixo da construção. Em julho, a empresa projeta trocar o asfalto sobre a ponte. O trabalho deverá ser feito em intervalos de menor fluxo, como madrugadas e finais de semana, sem a necessidade de paralisação total da passagem de veículos. Melhorias na iluminação e na sinalização também estão previstas para o período entre o fim do primeiro e o início do segundo semestre.
As obras antes de a nova ponte entrar em operação integram pacote de R$ 500 mil em investimentos até o fim de 2019 nas quatro concessões da CCR ViaSul no Estado. Em novembro de 2018, a companhia venceu a disputa para administrar as BRs 386, 448 e 101, além da freeway, que inclui a travessia do vão móvel.
– Os trabalhos iniciais são de recuperação, para colocar a casa em ordem – argumenta Torres.
Segundo a concessionária, em média, 50 mil veículos cruzam a velha travessia do Guaíba diariamente. Na nova ponte, a movimentação também poderá chegar aos 50 mil, estima o Dnit.
– A tendência é essa, mas o número não é definitivo. Dependerá, em parte, do desempenho da economia do país – salienta o engenheiro do Dnit Carlos Alberto Garcia Vieira, fiscal da obra da nova ponte.
As duas estruturas são separadas por cerca de um quilômetro via freeway. A construção da travessia ao lado da atual é vista com potencial para aliviar o gargalo histórico na ligação entre a Capital e o sul do Estado.
Ao longo das seis décadas de operação da velha ponte, falhas mecânicas provocaram congestionamentos ainda maiores do que os habituais em períodos de içamento do vão móvel, necessário para a passagem de embarcações. Em outubro de 2010, um problema no sistema elétrico paralisou o miolo da ponte a 16 metros de altura. Com isso, a ligação entre a Região Metropolitana e a Metade Sul ficou interrompida por cerca de quatro horas. Em meio ao engarrafamento de mais de 10 quilômetros, pessoas passaram mal e foram socorridas em helicópteros, e a polícia recapturou um foragido, segundo reportagem publicada à época por GaúchaZH.