Depois de dois anos sofrendo para aprovar projetos na Câmara Municipal, a gestão de Nelson Marchezan obteve sua terceira vitória significativa em plenário em pouco mais de um mês ao conseguir revisar a planta de valores que define o IPTU em Porto Alegre e ampliar as faixas de alíquotas.
A votação favorável foi conquistada na terceira vez em que o projeto foi remetido aos vereadores e confirma a nova relação estabelecida neste ano entre o Paço Municipal e a Câmara. Desde março, a prefeitura já havia conseguido apoio para cortar gratificações e avanços salariais dos servidores e conceder praças e parques à iniciativa privada, em uma demonstração de força política junto ao Legislativo.
A atual gestão argumenta que o novo IPTU elimina distorções e torna mais justa a cobrança na Capital, mas a medida também era considerada fundamental para reforçar o caixa do município. Por isso, desde sua posse, aprovar a mudança foi uma das primeiras e mais constantes obsessões de Marchezan.
Em setembro de 2017, a tentativa de atualizar o valor dos imóveis chegou a causar uma das maiores crises da gestão: antes de enviar a proposta para votação, o prefeito publicou um vídeo sugerindo que os parlamentares pensavam no valor de seus próprios imóveis ao discutir a medida.
— Não é justo isso. O vereador tem que votar pela sua cidade — declarou Marchezan à época.
Até aliados se enfureceram com a atitude. Após 16 horas de sessão, uma Câmara ressentida rejeitou o projeto por 25 votos a 10 e uma abstenção. Um ano depois, em setembro de 2018, o Executivo amargou nova derrota entre os vereadores. Ao perceber que não tinha os votos necessários para aprovar a medida, o prefeito retirou o regime de urgência do projeto e acabou desistindo de colocá-lo em votação.
Agora, foram decisivas a mudança de atuação pública de Marchezan, que deixou de comprar briga com os parlamentares de maneira intempestiva, e a ampliação da base aliada na Câmara com a entrada do MDB no governo e a adesão de nomes independentes. No primeiro ano de mandato, a gestão contava com 11 votos fiéis no plenário, número que hoje chega a pelo menos 20 e garante o novo equilíbrio de forças com o Legislativo.