Quem passa pela Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, nota que ela está menos arborizada nos últimos meses. Desde que entrou em vigor o contrato com a empresa terceirizada responsável pelas podas de árvore na Capital, em junho de 2018, foram realizadas cerca de 350 intervenções em vegetais existentes ao longo dos quase 10 quilômetros de via.
Ao todo, 19 árvores (5,42% dos casos) foram removidas pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb). Outras quatro foram retiradas pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) por risco de interferência na rede elétrica.
De acordo com a SMSUrb, todas as intervenções foram realizadas "visando a segurança elétrica, viária, pluvial e dos pedestres e motoristas que circulam pela avenida". Desde o início do novo contrato, o número de equipes da pasta aumentou de sete para quinze, o que fez crescer o atendimento de emergência em casos de vegetais que têm risco de queda.
Apesar das explicações técnicas envolvendo os casos, há quem lamente a mudança no visual do espaço. É o caso da aposentada Rachel Vaccari Vassão, que viu uma timbaúva de quatro décadas ser retirada de um trecho em frente ao prédio em que mora, que fica próximo ao prédio da Polícia Federal, na semana passada.
Após vistoria, técnicos constataram que a árvore estava com cerca de 80% da estrutura comprometida, com boa parte dos galhos e ramos mortos. Também havia histórico de quedas de partes do vegetal na ciclovia e na pista, no sentido Centro-Bairro.
- Faz 41 anos que moro aqui e essa árvore já existia. Ela fazia parte da minha vida. Estava muito velha, mas era linda - relata a aposentada.
Em outra ocorrência, nesta terça-feira (12), a equipe de Manejo Arbóreo da SMSUrb retirou uma árvore do talude do Arroio Dilúvio, entre as ruas Múcio Teixeira e Getúlio Vargas. O local da intervenção é o mesmo em que parte da ciclovia corria risco de desmoronar, conforme relatou o engenheiro civil João Fortini Albano ao colunista Paulo Germano no dia 26 de fevereiro.
No dia seguinte à publicação da coluna, a prefeitura cobriu as rachaduras do piso com asfalto em solução paliativa. Durante vistoria, foi constatada a necessidade de retirada da canafístula, que tinha com altura estimada em 10 metros.
"Encontrava-se desequilibrada, com peso pendente para o arroio e conflitando com a fiação elétrica. Após a supressão, o local seguirá em avaliação por outros setores envolvidos", informou a SMSUrb, também por meio de nota.
A CEEE, por sua vez, destaca que as quatro árvores retiradas na Avenida Ipiranga estavam interferindo na rede elétrica e tinham porte incompatível com a estrutura urbana.
Replantio
Procurada, Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) informou que deve plantar cerca de 7 mil novas mudas em toda a Capital em 2019.
"As mudas devem ser distribuídas para recuperação de áreas de preservação permanente degradadas, canteiros centrais e passeios públicos, especialmente, da Zona Norte, região com menor densidade de arborização da cidade. O plano atual não contemplava a Avenida Ipiranga, mas ela será incluída, pois as árvores suprimidas devem ser substituídas por novas mudas", afirma a Smams em comunicado.