Uma escola reformada, pronta para receber os alunos, mas ainda fechada por falta de um plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI). Esta é a situação da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Pedro I, no bairro Glória, em Porto Alegre. A obra de cobertura da escola e a reforma da fiação elétrica ficaram prontas no começo de fevereiro. Porém, apenas na semana passada o PPCI foi concluído por uma empresa contratada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e entregue ao Corpo de Bombeiros. O Diário Gaúcho acompanha o impasse desde o dia 18 de fevereiro.
Segundo o chefe da divisão de Prevenção Contra Incêndio do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros da Capital, major Ederson Lunardi, a empresa que fez o plano foi notificada para fazer correções de segurança. As alterações dizem respeito à saída de emergência e ao alarme de incêndio. Há prazo de 30 dias para as adaptações.
O major frisou que a corporação está priorizando o caso, mas explicou que as modificações solicitadas precisam ser feitas para o plano ser aprovado.
A reportagem entrou em contato com a empresa Regulariso, de Campo Grande (MS), que assina o PPCI, mas não obteve retorno.
Este é o segundo ano letivo que começa sem que os alunos da Dom Pedro I possam usar o prédio da escola. Depois de enfrentar um temporal que destruiu parte do telhado, corredores, fiação elétrica e o forro, em setembro de 2017, a escola foi interditada e os alunos precisaram ser realocados. Ao longo de todo o ano de 2018, os estudantes tiveram aulas na Escola Estadual Euclides da Cunha, no bairro Menino Deus, a quatro quilômetros da Dom Pedro I. Sucessivas promessas de abertura da instituição foram feitas desde então. Nenhuma foi cumprida até agora.
Enquanto o problema não se resolve, a escola segue perdendo alunos. Quando aconteceu o temporal, há um ano e meio, eram 480 estudantes. Atualmente, são 220.
– Sentimos pressão de todos os lados: dos pais, dos alunos e dos professores. As crianças reclamam muito que querem voltar para a sua escola. Muitos pais me disseram que, se até o final do mês a escola não abrir, vão procurar outra instituição mais próxima, porque não têm dinheiro para mandar os filhos para a escola. É triste ver este prédio vazio, sem crianças. Uma escola não tem sentido sem alunos – afirma a vice-diretora Maria José Nunes Cestari.
A Seduc informa que a situação da Escola Dom Pedro I é uma prioridade e que está buscando resolvê-la o quanto antes. Também afirmou que a escola “deve reabrir nos próximos dias”, sem precisar uma data.
Sem condições de arcar com transporte
A pedagoga Simone Moreira Rodrigues, 39 anos, tem os dois filhos, Ana Laura, sete anos, e Marcos Eduardo, seis anos, matriculados na escola. Sem trabalho, diz não ter condições de bancar o transporte. Como mora no Partenon, precisa pegar dois ônibus para chegar na escola, no Menino Deus. Para ela e os dois filhos, são seis passagens para ir e seis passagens para retornar.
Já a Dom Pedro I fica a 15 minutos a pé da sua casa. Na tentativa de ajudar, a mãe conta que já participou de cinco mutirões de pais para limpar a escola após as obras de reforma:
– É muito gasto, não tenho como levar e trazer as crianças. É uma escola que está nova, pintada e limpa para receber os alunos. Estamos nos esforçando muito para dar certo. A comunidade se sente traída por ter uma escola boa, com tudo certinho, e que não está sendo usada.