Moradores de Porto Alegre que sofrem com a falta de água recorrente terão de lidar com abastecimento inconstante por mais alguns verões. Os problemas que afetam especialmente a Zone Leste e o Extremo-Sul e que têm prejudicado a rotina de milhares de moradores nessas regiões só têm uma saída definitiva para a prefeitura da Capital: a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Ponta do Arado, obra sem previsão de início e que deve levar pelo menos três anos e meio para ser executada. Isso, caso chegue dinheiro do governo federal – são esperados R$ 232 milhões.
Em coletiva de imprensa para anunciar obras em redes de abastecimento do Quarto Distrito na manhã desta sexta-feira, o prefeito Nelson Marchezan disse que tem buscado uma solução para o problema desde 2017, quando o projeto foi apresentado à Caixa Econômica Federal — a prefeitura aguarda pela liberação do financiamento para dar início às obras.
— Esse problema está identificado pelo Dmae, pela população local e pela imprensa desde 2012. A gente entrou em 2017 e apresentamos o projeto junto ao Ministério (das Cidades) e à Caixa Econômica Federal. Temos expectativa de conseguir nas próximas semanas ou meses autorização para iniciar essa obra. A única solução estrutural e definitiva que o Dmae e a prefeitura identificam para essa região é a construção da ETA — destacou o prefeito.
Segundo Marchezan, obras menores com conclusão prevista o primeiro semestre deste ano devem ajudar a amenizar o problema. São elas: conclusão da adutora Belém Novo/Restinga (em fase final), construção de uma adutora na Estrada Antônio Borges (em fase final, deve qualificar o abastecimento na Vila Mapa e na Quinta do Portal), melhorias em 72 quilômetros de canalização de água do bairro Restinga e a ampliação das casas de bombas da Ebat Cristiano Fischer e da Ebat São Manoel. Para o segundo semestre, segundo a prefeitura, estão previstas melhorias em outras sete casas de bombas.
— Os pequenos investimentos vão de alguma forma tentando solucionar, dependendo muito da demanda de água em virtude do verão, e esse é um verão acima da média. A gente entende a situação angustiante, é desumano o que está acontecendo. Para dar uma resposta, nos poderíamos dizer: vamos iniciar essa obra (da ETA). Mas Nós não faremos isso enquanto não tivermos condições de início, execução e conclusão, com os recursos disponíveis para isso — disse Marchezan.
Em 2011, conforme a atual direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), o órgão já havia realizado estudo apontando que as zonas leste e sul da cidade caminhavam para o desabastecimento pelo contraste entre a capacidade de fornecimento e o crescimento do consumo.
A solução encontrada foi a construção de uma nova estação de tratamento, batizada Ponta do Arado, no sul da cidade. A estrutura deve ser capaz de gerar 2 mil litros de água por segundo — o dobro da capacidade do sistema Belém Novo. Ao prever ainda novos reservatórios e bombas de distribuição, o projeto seria suficiente para resolver a escassez em bairros nas áreas leste e sul.
O valor total do novo sistema chega a R$ 280 milhões, mas a prefeitura busca assinar contrato de R$ 232 milhões. Isso permitiria a construção das estruturas principais, como a estação de tratamento da água. Obras complementares seriam custeadas com recursos próprios do Dmae.