A pouco mais de dois meses do carnaval e sem definição sobre a concessão do Porto Seco à iniciativa privada, escolas de samba de Porto Alegre organizam um desfile independente para 2019. Pelo menos seis agremiações da Série Ouro e as escolas do grupo de acesso lideradas pela União das Escolas de Samba do Grupo de Acesso de Porto Alegre (UECGPA) aderiram ao evento, que deve ocorrer no Porto Seco nos dias 15 e 16 de março.
A ideia é realizar um desfile mais simples, com orçamento que possa ser custeado pelo próprio evento. A competitividade deve ser mantida, mas com menos quesitos que as oito de anos anteriores.
— Não estamos vislumbrando sucesso (na concessão do Porto Seco). Estamos há mais de dois meses sem nenhuma informação e não podíamos deixar que ficasse muito perto com o risco de não acontecer novamente. Vai ser mais simples, mas o mais importante é não deixar de realizar essa manifestação cultural — disse Érico Leoti, presidente da Imperadores do Samba.
Além da Imperadores, Bambas da Orgia, Estado Maior da Restinga, Império da Zona Norte, Imperatriz Dona Leopoldina e União da Vila do IAPI participam da movimentação pela realização do Carnaval, que contou com a autorização da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa) para ocorrer.
A mobilização das escolas vem após meses de negociações entre a Liespa e uma empresa carioca para viabilizar a concessão do Porto Seco, ainda sem resposta. Conforme o presidente da liga, Juarez Gutierrez, existe a possibilidade de a entidade firmar um contrato de dois anos renováveis por mais dois, que incluiria a quitação dos cerca de R$ 190 mil em dívidas do Carnaval de 2017 e a realização do evento neste ano.
— Está faltando a batida de martelo, por problemas de agenda da empresa. Enquanto não tiver uma parceria que possa encaminhar a resolução do problema, é preferível assim — disse Gutierrez.
Desde 2017, o carnaval de Porto Alegre não conta com verba da prefeitura para sua realização. Inaugurado há 14 anos e com R$ 16 milhões gastos na construção dos prédios e na pavimentação da pista, o Complexo Cultural do Porto Seco está em estado de abandono. Em janeiro, a prefeitura assinou a concessão do local à Liespa e à União das Escolas de Samba do Grupo de Acesso de Porto Alegre (UECGPA). O objetivo, segundo o Executivo, era permitir que as agremiações carnavalescas firmem uma Parceria Público-Privada (PPP) e possam ocupar a área o ano todo.