O diretor-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre, Tarso Boelter (PP), pediu afastamento do cargo na tarde desta segunda-feira (7). A decisão foi tomada após reunião com a presidente da Casa, vereadora Monica Leal (PP), que o nomeou.
Nesta segunda, GaúchaZH revelou que Boelter e outras oito pessoas foram indiciadas em inquérito conduzido pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Deat). A ele, a Polícia Civil atribui os crimes de peculato, corrupção passiva, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa, que teriam sido cometidos quando ele era diretor-geral do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP).
Em 160 páginas, o relatório do inquérito registra confissões de quem pagou propina e de quem foi omisso permitindo que dinheiro público escoasse sem a contrapartida de serviços essenciais para o bom funcionamento da cidade. Os relatos revelam que planilhas de serviços supostamente executados eram forjadas para que o departamento pagasse valores a mais. Depois, esse excedente seria dividido entre os beneficiados pela propina - parte, inclusive, retornaria para empresários.
Boelter foi ouvido duas vezes pela Polícia Civil, em 2016 e 2018. No último depoimento, admitiu saber de irregularidades no órgão público, sem nunca as ter denunciado a autoridades.
Confira a carta
"Senhora Presidente:
Inicialmente, quero agradecer a confiança em mim depositada, desde agosto de 2017, quando me investiu em um Cargo na Câmara Municipal, por indicação partidária.
Venho através deste Ofício, em caráter irrevogável, solicitar o meu afastamento da Direção Geral deste Legislativo, em função de notícias veiculadas na imprensa no dia de Hoje.
Esta solicitação, decorre do respeito e admiração que possuo pela Senhora e que prima sempre, por uma regra de conduta moral e ética, correta e dentro da legalidade e que o seu cargo requer, mas que além disso, em se tratando da Senhora é afirmativa.
Reitero o meu mais profundo agradecimento e que a partir deste momento me dedicarei a buscar a minha defesa e esclarecer os fatos necessários.
Cordialmente,
TARSO BOELTER"