Teto manchado por infiltrações, telhas faltando e rachaduras nas paredes foram alguns dos problemas encontrados por GaúchaZH na Biblioteca Pública Professor Romano Reif, na Vila do IAPI, em novembro de 2017. Um ano depois, a reportagem voltou ao prédio, na zona norte de Porto Alegre, e constatou que a situação de abandono persiste — para a indignação dos usuários.
— É mais do que abandono, é estado de calamidade pública. Chove mais dentro da biblioteca do que na rua, às vezes, tem que entrar com sombrinha. Fora o risco de curto: fica cheio de água nas lâmpadas — reclama a dona da casa Nilza Lima Rodrigues, 67 anos.
Frequentadora há mais de 20 anos, ela relata nunca ter visto a biblioteca em situação tão triste. Especialmente depois de um temporal, em setembro do ano passado, quando centenas de livros foram molhados e parte deles foi perdida.
Nem é necessário entrar no prédio para entender o que a moradora diz: na placa da fachada que leva o nome da biblioteca, a moldura está quebrada e quase não é possível ver a inscrição, tamanho o desgaste da tinta. O prédio está todo pichado, e uma extensa rachadura corta uma das paredes. No telhado, é possível perceber que faltam telhas.
Dentro da biblioteca, lonas pretas foram deixadas sobre livros para evitar que sejam molhados em dias de temporal. O teto tem manchas escuras de infiltração, tanto na sala de estudos quanto no acervo, na sala de teatro e nos corredores. E, na área principal, junto às primeiras estantes, há uma "lombada" no chão. Frequentadores e funcionários acreditam que seja resultado de raízes de uma árvore próxima, que estariam avançando sob o pavimento.
No ano passado, GaúchaZH fez uma série de questionamentos à Secretaria Estadual da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (Sedactel), responsável pela biblioteca, a respeito da origem e da gravidade dos problemas e se seriam tomadas providências. A pasta respondeu por meio de nota, informando apenas que havia encaminhado em regime de urgência à Secretaria Estadual de Obras, Saneamento e Habitação o pedido de execução de um laudo técnico de inspeção predial, que atestaria as condições de segurança e estabilidade da edificação.
Nesta semana, a pasta afirmou que "há um ano, foram realizadas reformas elétrica e hidráulica, troca de telhas e cumeeiras dos telhados anexos, limpeza das calhas de concreto, e desentupimento do esgoto, atingido por raízes de árvores próximas". A nota diz ainda que, após esta primeira reforma, "foi feita uma limpeza geral do teto para retirada do mofo proveniente das infiltrações. Também foi solicitada à prefeitura a poda dos galhos da árvore localizada ao lado da edificação, que quebrava telhas em dias de vento forte e cujas raízes provocam rachaduras em paredes e afetam o piso da instituição". A Sedactel informou também que "a limpeza e corte de grama do entorno da biblioteca é de responsabilidade da prefeitura e feita sempre que solicitada" e que "o conserto do restante do telhado segue na programação de necessidades de obras de reparos que a secretaria faz costumeiramente em suas instituições."