Não é de hoje que o escorpião-amarelo tem sido avistado em Porto Alegre. Em novembro do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) emitiu um alerta epidemiológico à rede municipal de saúde para chamar atenção sobre os riscos aos seres humanos. O número de registros na cidade aumentou quase seis vezes: de 15 em 2017 para 89 em 2018.
Um vídeo que está circulando no WhatsApp e no Facebook desde terça-feira (6) tem gerado preocupação nos porto-alegrenses. Nele, uma mulher afirma ter encontrado um escorpião-amarelo em folhas de rúcula. Rapidamente, internautas começaram a especular se tratar de verduras da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa). Não há comprovação, no entanto, de que as imagens tenham sido feitas na capital gaúcha.
O vídeo já vinha sendo compartilhado pelo menos desde agosto por pessoas de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. A pessoa que o gravou não diz onde encontrou o animal.
Anderson Araújo de Lima, diretor-geral da Coordenadoria Geral de Vigilância (CGVS), afirma que há um número maior de relatos da presença do escorpião-amarelo nos últimos dias na capital gaúcha, mas que não é motivo para pânico:
— As ações que temos feito têm a intenção de conscientizar a população para saber o que fazer caso encontre o animal e não causar alarde.
De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde, de 2016 até este ano, nove casos de acidentes foram registrados no Rio Grande do Sul, mas nenhum óbito.
Lima ainda afirma que, até o momento, não há nenhum relato à prefeitura de pessoas que tenham encontrado o escorpião-amarelo em verduras em Porto Alegre. Como os animais costumam ficar em locais com presença de baratas, seu principal alimento, o escorpião-amarelo geralmente é encontrado em ambientes sujos e com acúmulo de lixo.
— Orientamos que, para evitar a presença do escorpião, as pessoas mantenham os ralos e calhas fechados com telas, não acumulem lixo orgânico e deixem as casas e os pátios o mais limpos possível. Isso irá evitar as baratas, e os escorpiões não irão sobreviver sem alimento — diz o diretor-geral da CGVS. — Na nossa região, não há predadores naturais do escorpião-amarelo, que são, em geral, galinhas e corujas. Por isso, temos que tomar medidas para que eles não sobrevivam nesses ambientes e sumam naturalmente — completa.
Na Capital, há três bairros onde o escorpião-amarelo é visto com mais frequência. No Anchieta, que, de acordo com Lima, provavelmente tenha relação com os caminhões de carga da Ceasa. No Centro, por conta de peculiaridades como a rede antiga de esgoto e o grande número de pontos de vendas de produtos orgânicos, além do acúmulo de lixo. E o bairro Lomba do Pinheiro, onde está localizada a estação de transbordo do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).
— Todos os locais onde encontramos o escorpião têm a presença de lixo, restos de comida e materiais desse tipo. Não recebemos relato algum de pessoas que o tenham encontrado em verduras — esclarece.
Segundo Claudia Terezinha dos Santos, presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da Ceasa, há registros de escorpiões-amarelos nos pavilhões do local, assim como diversos outros tipos insetos e animais, que vêm de outras regiões do país. Mas ela salienta que não há motivos para alarde.
— Temos todo um processo de controle de infestações. É comum que vários tipos de animais sejam encontrados, mas isso sempre aconteceu. Temos todo um cuidado em relação a isso. Estamos de olho, mas a situação está bem controlada — afirma Claudia.
O que fazer em caso de picada
Procurar imediatamente o Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre (Avenida Osvaldo Aranha, 1.234), único local onde há o soro antiescorpiônico, segundo a Vigilância em Saúde. Os enfermeiros dos postos de saúde também estão orientados a fazer o encaminhamento e reconhecer os casos. Depois do atendimento, o acidente deve ser comunicado à prefeitura pelo telefone 156.
O que fazer ao avistar o animal
Ligar para o número 156 e discar a opção 6, da Vigilância em Saúde. A pessoa deve fornecer nome, telefone e endereço. A orientação é que se tente matar o animal com segurança, usando um calçado fechado e, de preferência, cortando o animal. Se possível, o morador também deve fotografá-lo para comunicar o caso à Vigilância em Saúde.