Os escorpiões-amarelos, animais venenosos que têm sido encontrados com mais frequência em Porto Alegre neste ano, estão concentrados em sete bairros. Dados da Vigilância em Saúde apontam que, somente em 2018, o animal já foi visto 80 vezes na Capital, número mais do que cinco vezes superior ao do ano passado. Os bairros em que ele apareceu foram Centro Histórico, Lomba do Pinheiro, Anchieta, Partenon, São João, Passo D’Areia e São Geraldo.
A bióloga Fabiana Ninov, da coordenadoria-geral da Vigilância em Saúde, explica que o escorpião-amarelo gosta de lugares úmidos e escuros e alimenta-se de baratas. O registro mais recente foi na última segunda-feira (5), quando uma moradora do 10º andar de um prédio na Avenida Senador Salgado Filho encontrou o animal dentro do seu apartamento, perto do pote de ração do cachorro. Ela matou o animal e comunicou a prefeitura.
— Ela já estava informada e, por isso, soube como agir. As pessoas têm de entender que nós desmatamos o meio ambiente e, por isso, estamos no lugar do escorpião-amarelo. Ele se reproduz com muita facilidade e vai continuar se reproduzindo — explica a bióloga.
O animal foi visualizado pela primeira vez na cidade em 2001, e o número de registros segue aumentando. Segundo Fabiana, além de a população do escorpião-amarelo estar crescendo, as pessoas estão aprendendo a reconhecer com mais facilidade. Por isso, há mais registros. Agentes da Vigilância em Saúde estão visitando escolas para alertar sobre o assunto, já que as crianças são as mais vulneráveis. Cerca de 500, de um total de 1,2 mil colégios de Educação Infantil, já foram visitados. Um áudio de uma pessoa que recebeu esta visita está circulando pelo WhatsApp e redes sociais.
— As pessoas estão ficando mais alerta para o assunto. Não é necessário entrar em pânico, mas aprender a reconhecer e a se defender. O áudio exagera em alguns pontos, mas na maior parte está correto — relata Fabiana.
O escorpião-amarelo não salta, não enxerga e nem persegue os seres humanos, apenas reage ao toque para se defender — por isso, se for visualizado, a orientação é que a pessoa tente matá-lo, sempre com segurança e, de preferência, cortando o animal para garantir que esteja morto, já que ele pode ficar imóvel por horas, aparentando que está morto. Inseticidas não são eficientes no combate — apenas empresas especializadas no controle de pragas fazem esse trabalho.
Além de ter sido criado um site e a possibilidade de os moradores relatarem o aparecimento pelo telefone 156, a Vigilância capacitou cerca de cem agentes de combates a endemias, que ficam nas unidades de saúde e podem ir até as residências em caso de acidentes. Conforme a Vigilância, todos os enfermeiros dos postos de saúde estão capacitados para fazer atendimento em caso de picadas.
Onze picadas no Estado em 2018
Em 2018, o Estado registrou 11 acidentes, ou seja, casos em que pessoas foram picadas. Apenas um deles ocorreu em Porto Alegre – um homem de 38 anos que procurou atendimento no Hospital de Pronto-Socorro (HPS).
Além disso, conforme o Centro de Informação Toxicológica (CIT) do Estado, houve casos em Mariana Pimentel, Cerro Largo, Horizontina, Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Canoas e Estância Velha. O CIT atende 24 horas, todos os dias, pelo telefone 0800 721 3000, e a ligação é gratuita. O plantão pode ser acionado tanto por profissionais de saúde que necessitem de orientação quanto pela população, para caso de acidentes ou para ajuda na identificação do animal.
A picada causa poucos sintomas, como inchaço e dor intensa no local da picada. Em alguns casos, pode haver enjoo, vômitos e dor de cabeça, além de risco de morte.
O que fazer em caso de picada
Procurar imediatamente o Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre (Avenida Osvaldo Aranha, 1.234), único local onde há o soro antiescorpiônico, segundo a Vigilância em Saúde. Os enfermeiros dos postos de saúde também estão orientados a fazer o encaminhamento e reconhecer os casos. Depois do atendimento, o acidente deve ser comunicado à prefeitura pelo telefone 156.
O que fazer ao avistar o animal
Ligar para o número 156 e discar a opção 6, da Vigilância em Saúde. A pessoa deve fornecer nome, telefone e endereço. A orientação é que se tente matar o animal com segurança, usando um calçado fechado e, de preferência, cortando o animal. Se possível, o morador também deve fotografá-lo para comunicar o caso à Vigilância em Saúde.