Há quatro meses, Marcelina dos Santos e os dois filhos se viram obrigados a deixar de usar o vaso sanitário de casa. A dona de casa, de 40 anos, e os guris, de 18 e cinco anos, passaram a fazer suas necessidades básicas em uma sacola plástica, agachados em cima de um palete. O improviso é para evitar que a água do esgoto alague ainda mais o banheiro e invada o restante da residência, que fica na Vila Tio Zeca, na zona norte de Porto Alegre. Segundo a prefeitura, a demanda não foi atendida porque não era um "caso prioritário".
Tomar banho também se tornou custoso: como o banheiro estava sempre alagando, a escapatória era subir em cima do palete para se proteger da água misturada ao esgoto. Depois, eles retiravam o excesso com baldes e enxugavam o piso. Não adiantava: o esgoto voltava a alagar o banheiro. A situação era semelhante nas casas vizinhas, que tinham seus quintais inundados pela sujeira.
– Pelo menos, não tomamos banho na sujeira – tranquiliza-se Marcelina. –O banheiro é um cômodo mais baixo do que a casa, por isso não invadia o resto. Tínhamos que ficar de olho – explica.
Em maio, Marcelina abriu um protocolo no telefone 156 pedindo providências contra a imundície – que nunca aconteceram. Ela ligou oito vezes para o número, pedindo urgência nos reparos porque sua casa estava "alagada" e com "mau cheiro forte". Por algum motivo, que a prefeitura se recusa a explicar, o primeiro protocolo foi marcado como concluído, e a demanda foi repassada a um segundo, aberto em agosto pela administração.
As providências só foram tomadas pelo poder público nesta quarta (6) e quinta-feira (7), após contato de GaúchaZH. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos não explicou a demora no atendimento no caso específico. A assessoria informou que não se tratava de um "caso prioritário" — as prioridades, segundo a pasta, são problemas próximo a escolas, hospitais e no meio de vias públicas.
– Quando a gente mais precisa, o prefeito (Nelson Marchezan) desaparece e ninguém ajuda a gente. Só por que somos da vila? Queremos ser tratados com a mesma dignidade que os outros –lamenta o vice-presidente da Vila Tio Zeca, Doly de Lima Freitas, 60 anos.
O alagamento constante ocorria devido à quantidade de lixo irregular descartada nas redes. As moradias da vila também estariam sobrecarregando as redes. Uma empresa teria sido flagrada lançando material da caixa de gordura diretamente nas redes pluviais. A pasta informou que irá notificá-la.
A Divisão de Manutenção de Águas Pluviais (Dmap) esteve no local na quarta-feira (5) e afirma ter limpado cinco poços de visita e reconstruídos outros três poços e uma boca de lobo. Pelo menos 40 metros de redes de esgoto foram desentupidas com um caminhão hidrojato.
"Aproveitamos a oportunidade para solicitar a população que não descarte lixo de forma irregular, pois é recorrente a obstrução e potencialização nos problemas de drenagem em virtude de garradas PET, latas, sacolas, entre outros materiais", informa a Secretaria em comunicado oficial.
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