Gradear a área verde mais emblemática da Capital está longe der ser consenso entre os porto-alegrenses. Casos de depredações e crimes na Redenção, como o assassinato ocorrido no parque na noite da última segunda-feira (24), levantam questionamentos sobre a segurança no local, monitorado por câmeras, e remontam à eterna polêmica sobre um possível cercamento físico da área. Apesar disso, o debate que parecia em ganhar força em 2015, com a aprovação de um projeto de lei para a realização de um plebiscito, está adormecido: nem prefeitura nem Câmara Municipal têm planos concretos de retomá-lo.
Os parlamentares aprovaram, em 2015, a proposta do então vereador Nereu D´Ávila que propõe uma consulta popular sobre o assunto. A partir disso, caberia ao Poder Legislativo garantir os recursos financeiros necessários para colocar em prática a consulta. Nos anos seguintes à aprovação da matéria, contudo, a Câmara não inseriu na previsão orçamentária a realização do plebiscito. Consultados, tanto a Secretaria Municipal de Segurança quanto o Gabinete do Prefeito disseram que o cercamento físico do parque não está em pauta.
Atual presidente da Câmara de Vereadores, Valter Nagelstein (MDB) disse que o assunto não voltará ao horizonte do Legislativo, pelo menos, até o fim de seu mandato. Para o parlamentar, que historicamente tem se posicionado a favor do cercamento do parque, o assunto é competência do poder executivo.
— É um processo controverso. Eu, se prefeito fosse, faria o cercamento e pronto. Agora, Porto Alegre vive numa pobreza franciscana. Vejo que a cidade tem outras prioridades nesse momento — ponderou o emedebista.
Possível futura presidente da Câmara Municipal — o que pode não ocorrer caso a parlamentar assuma uma cadeira na Assembleia Legislativa —, a vereadora Mônica Leal (PP), que no passado também mostrou-se favorável ao cercamento do parque, defende um novo desarquivamento da proposta. Ela destacou o Parque Germânia como um exemplo positivo na Capital.
— Não vou dizer que é a solução, mas penso que nós temos que usar todas as ferramentas possíveis para coibir a violência. Seja grade ou cercamento eletrônico, o que fizer o povo sentir mais segurança, mesmo que tenha que interferir no direito de ir e vir, eu vou aprovar — sinalizou.
Desde março de 2017, 26 câmeras fazem parte do cercamento eletrônico da Redenção. De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança, 20 estão em funcionamento e seis em manutenção necessária.