Enquanto não há perspectiva do plebiscito sobre o cercamento do Parque da Redenção sair do papel, a possibilidade segue sendo objeto de divergências entre diversos segmentos em Porto Alegre. Rafael Passos, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS), acredita que o cercamento do parque seria uma "falsa solução".
— Não há nada que comprove que aumenta a segurança dentro ou no entorno do parque. Há análises indicando, inclusive, o contrário: tu condicionas mais os fluxos das pessoas nos eixos junto aos acessos e diminui a quantidade de pessoas em outras partes, aumentando mais a insegurança nesses locais — diz Passos, acrescentando que esses espaços passariam a não ser mais aproveitados como antes.
O aumento da segurança por meio da ocupação de espaços públicos é um dos preceitos do movimento Serenata Iluminada, que promove eventos noturnos na Redenção. Um dos coordenadores, Pedro Loss destaca que o movimento é contrário à colocação de grades ao redor do parque. Ele pede o apoio da prefeitura para a realização dos eventos de ocupação da área:
— O governo municipal deveria incentivar eventos noturnos na Redenção sem cobrar taxas como andam cobrando. Diminuímos o volume de edições do Serenata Iluminada justamente porque a nova gestão municipal passou a taxar a realização de movimentos como o nosso.
Hermógenes de Oliveira Junior, representante da Associação Comunitária dos Moradores da Cidade Baixa, também é contrário.
— É um parque público, não podemos ter essa ideia de ficar engaiolado. Já basta que a gente passa por isso quando está em casa.
Do outro lado, Ajaribe Rocha Pinto, titular da 10ª Delegacia da Polícia Civil, cuja sede fica a uma quadra da Redenção, é favorável à proposta:
— Hoje nossos parques não oferecem segurança, eles afastam as pessoas. O número de ataques ao pedestres e roubo, principalmente de celular, não diminui nunca. Seria importante (o cercamento) para ter mais controle.
Doutor em História da Arte e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre, José Francisco Alves também tem um discurso de defender o parque, não apenas da violência, mas também do vandalismo. Ele participou do processo de restauro de monumentos de 2016, e destaca:
— Foram destruídos quase imediatamente.
O especialista também convida as pessoas a imaginarem o que é feito à noite no espaço público, que de dia é usado pelas famílias. Cita como exemplo positivo de cercamento os parques da Catacumba, no Rio de Janeiro, o Buenos Aires, em São Paulo, e o Passeio Público, em Curitiba. E diz que, Brasil afora, isso é uma questão administrativa das cidades, que não requer polêmica.
— Aqui, o que manda é o Gre-Nal.