Não é a primeira vez que as peixarias que tiveram mais 700 quilos de alimentos apreendidos no Mercado Público na manhã desta segunda-feira (27) apresentam problemas de falta de procedência e de higiene. Segundo a Vigilância em Saúde de Porto Alegre, uma vistoria realizada em 14 de agosto resultou em mais de meia tonelada de alimentos apreendidos — na ocasião, a Mar Azul foi a única das sete lojas a não apresentar irregularidades.
Na manhã desta segunda-feira, uma ação conjunta de Polícia Civil, Ministério Público, Procon e Vigilância em Saúde fiscalizou as sete peixarias do Mercado Público e identificou irregularidades em cinco delas: Cooperativa de Pescadores da Colônia Z-5 (Coopeixe), Japesca, São Lourenço, Duporto e Pescados do Mar. Todas as lojas tiveram problemas na vistoria anterior, a primeira que fiscalizou um conjunto de estabelecimentos do mesmo tipo no Mercado Público.
— Normalmente, realizamos vistorias pontuais para atender a denúncias. Nessa ocasião (no começo do mês), reunimos reclamações acumuladas. O principal problema que identificamos foi a falta de procedência — relatou o chefe adjunto da equipe de alimentos da Vigilância em Saúde da Capital, Alexandre Almeida.
Conforme Almeida, a falta de procedência é considerada o principal "item de risco" ao consumo pela Vigilância em Saúde. Além de não passar por inspeção, não há como identificar do prazo de validade do alimento, que não é considerado seguro. Também são avaliados a temperatura dos alimentos, o prazo de validade, as condições de higiene do local e a estrutura — no caso do Mercado Público, o último item tem sido desconsiderado desde o incêndio que afetou parte da construção, em 2013.
As lojas que apresentaram problemas no começo de agosto tiveram produtos recolhidos, mas foram liberadas para voltar a atuar, segundo a Vigilância, porque teriam "solucionado suas irregularidades". Já na manhã desta segunda-feira, a Cooperativa de Pescadores da Colônia Z-5 (Coopeixe) teve a venda de produtos suspensa temporariamente pelo Procon — em 2017, na Feira do Peixe, a banca já havia tido as atividades suspensas.
A maior parte das ações de vistoria em Porto Alegre é motivada por reclamações e denúncias feitas pelo telefone 156 ou pela solicitação de outros órgãos — a desta segunda-feira foi convocada pelo Ministério Público. A falta de pessoal é a maior dificuldade: apenas nove fiscais e quatro veterinários são responsáveis por vistoriar todos os estabelecimentos da Capital. De acordo com a Vigilância em Saúde, em razão dos problemas recorrentes, está sendo estudada a criação de um calendário para vistoriar as peixarias do Mercado Público regularmente.