Ao impedir novamente a votação dos projetos enviados à Câmara em regime de urgência, a base de Nelson Marchezan na Câmara Municipal vê encurtar o tempo para buscar votos para o projeto mais polêmico em análise — a revisão do IPTU. Para valer já em 2019, o projeto tem de virar lei até setembro. Se aprovada, a revisão deve fazer com que cerca de metade dos imóveis paguem mais IPTU, e colocar R$ 70 milhões a mais nos cofres públicos.
A corrida do governo contra o tempo se agrava com a proximidade das eleições — cerca de 20 vereadores são candidatos em outubro. Na Câmara, a sensação entre parlamentares das principais bancadas ouvidos por GaúchaZH nesta segunda (27) é de que o governo não tem ainda os votos necessários para aprovar a revisão do imposto.
— Vai acabar levando uns 25 votos contra — comenta João Bosco Vaz (PDT), vereador independente, acrescentando que o governo está irritando os parlamentares com a estratégia de retirar quórum, adiando votações.
Na semana passada, o governo inverteu a ordem de votações, colocando o projeto que muda os fundos municipais à frente do IPTU. Segundo o líder de Marchezan na Câmara, Moisés Barboza (PSDB), os vereadores "viram importância na sua votação". Enquanto isso, explica, o governo tenta ampliar o diálogo com indecisos e com a sociedade sobre o IPTU. Barboza rechaça a possibilidade de retirar o projeto.
— O governo pode ser vítima de um ano eleitoral, mas é um projeto que acreditamos muito — destaca.
Para o oposicionista Marcelo Sgarbossa (PT), no caso do IPTU, não é apenas a oposição ou os independentes que complicam a vida do governo: mesmo vereadores da base militam contra a proposta. Monica Leal (PP), por exemplo, já declarou ser contra as mudanças.
— É um clamor da população — explica a vereadora.
Os seis vereadores com quem GaúchaZH conversou na tarde desta segunda-feira acreditam que, até o final de setembro, o projeto será colocado em votação.
— Nem que seja para o prefeito chantagear a população, afirmando que, com a não aprovação, não tem como tapar buraco na rua — critica Mauro Zacher (PDT).
Se as lideranças não aprovarem uma nova inversão de pauta, a revisão do IPTU deve ser apreciado logo após o término da votação do projeto dos fundos. Ainda não há data definida.