Seria simplista dizer que o Von Teese é um bar burlesco. Batizado com o sobrenome de um dos ícones dessa cultura, Dita Von Teese, o local explora a temática fetichista na decoração, no cardápio e em parte das atrações. Mas o estabelecimento localizado em um casarão de pé direito alto na Rua Bento Figueiredo, no Bom Fim, também é circo, tenda exotérica, casa de chá e, principalmente, a segunda casa dos proprietários, que esbanjam receptividade e bom humor sem custo adicional.
— Tudo aqui é evento. Senão tiver evento, a gente inventa. Pode ser com comida, como um dia da lasanha, ou o dia de fazer o próprio drink... — conta Diovana Gheller, uma das sócias.
Não é modo dizer. Somente nas primeiras semanas de 2018, o bar já promoveu o "Dia de Inaugurar o Sofá" — o antigo foi trocado por um modelo em vermelho —, um dia de "brincar" — simples assim —, um dia da pizza, uma batalha de dublagem e um evento de contação de histórias. Tudo isso fora as atrações "tradicionais" da casa: apresentações fetichistas, burlescas, eróticas, de pole dance, shows de jazz, além das atividades exotéricas, como o tarô e a leitura da borra do café.
Em um dia qualquer, um cliente pode deparar, por exemplo, com uma das donas escalando um ferro de pole dance com uma boia de flamingo na cintura — o que de fato ocorreu durante a visita da reportagem. Pode ser recebido com uma nuvem de bolhas de sabão ou presenciar um strip tease de algum cliente empolgado. Mas também é possível simplesmente assistir a um bom espetáculo tomando um drink, consultar com uma taróloga ou provar o high tea — uma espécie de torre de doces e salgados acompanhada de chá.
No Von Teese, a regra é não ter regra: o que for diferente, divertido ou espontâneo (ou as três coisas) pode virar atrativo no local, inaugurado em julho de 2015. A logística pouco previsível reflete o espírito que os proprietários, Eduardo Delamare, Diovana Gheller e Carolina Disegna, sempre quiseram imprimir por lá: um espaço aberto e criativo, onde os clientes — e eles mesmos — pudessem sentir-se em casa.
— Abrir um bar sempre foi uma vontade, mas a gente queria que não fosse mais um bar. Era o que a gente queria fazer da vida. Vir aqui não é só sentar e beber: é um entretenimento — resume Carolina.