O primeiro ano de mandato de Nelson Marchezan à frente da prefeitura de Porto Alegre chega ao fim marcado por dificuldades políticas e financeiras para fazer deslanchar algumas das principais promessas de campanha.
GaúchaZH analisou 15 compromissos assumidos publicamente pelo então candidato ou incluídos no programa de governo, selecionados por relevância e possibilidade de mensuração. Metade deles teve algum avanço significativo. Outro tanto não andou, deu poucos passos ou ficou para 2018. Burocracia, falta de recursos e de uma base consolidada na Câmara de Vereadores seguem como desafios para a administração municipal no novo ano.
A saúde é uma das áreas que apresentou melhor desempenho em relação ao que foi prometido antes da posse. Três planos da atual gestão ganharam impulso, embora ainda tenham metas a cumprir até o final do mandato: ampliação no horário de postos de saúde, informatização do atendimento e ampliação da Saúde da Família. Já outros pontos, como a valorização dos servidores, investimentos em transporte público e a implantação de parcerias público-privadas, todos ressaltados no plano de governo apresentado pelo PSDB, não saíram do papel ou caminham com mais lentidão.
— Tudo sempre pode ser melhor e mais rápido. Mas foi um primeiro ano de sinceridade, transparência, diagnóstico real, de tratar com a realidade dura da cidade, de mostrar isso para o cidadão — analisa Marchezan.
A relação atribulada com os servidores foi uma das marcas da gestão no ano de estreia. Iniciativas como as alterações na rotina escolar, implantadas no começo do ano, e propostas de alterar o plano de carreira e o regime de trabalho do funcionalismo despertaram a inconformidade do Sindicato dos Municipários (Simpa). A combinação dessas políticas com as dificuldades de caixa da prefeitura, que levaram ao parcelamento dos salários, estimulou a categoria a cruzar os braços. A paralisação foi suspensa, mas o sindicato se mantém em estado de greve.
Além da saúde, a educação e a segurança foram apresentadas como áreas prioritárias pelo prefeito. Em relação à educação, o número de crianças atendidas na pré-escola — um dos compromissos do programa de governo — aumentou em 7%, mas as atividades em tempo integral (outro item do plano) perderam cerca de 400 alunos neste ano. O Programa de Metas adotado pela atual administração prevê a elevação nas notas do Ideb, mas isso ainda não pôde ser mensurado.
— Ampliamos em 30% o número de horas-aula do professor de referência, que ensina português e matemática (com as mudanças na rotina escolar). É um terço a mais por semana. Isso vai trazer reflexos na qualidade do ensino — acredita o prefeito.
Na Segurança Pública, a integração entre órgãos municipais e estaduais ganhou fôlego, mas a criação de uma rede conjunta de proteção às mulheres segue em tratativas com o Piratini.
A líder da oposição na Câmara, Fernanda Melchionna (PSOL), afirma que os primeiros meses da atual gestão foram marcados por "um caráter recessivo, projetos antipopulares e privatistas".
É um governo que não dialoga com as entidades ou com os servidores
— É um governo que não dialoga com as entidades ou com os servidores. Mais do que isso, ataca o funcionalismo e os vereadores — critica Melchionna.
Parte da Câmara nunca teremos apoio, porque são os que sempre jogam contra
Marchezan afirma estar aberto ao diálogo e diz que todas as políticas implantadas ou sugeridas são necessárias para fazer frente à penúria dos cofres municipais.
— Propomos as soluções que temos convicção de que são capazes de mudar a cidade. Sabemos que temos o apoio de grande parte da Câmara. Mas tem uma parte que nós nunca vamos ter, porque são os que sempre jogam contra — rebate.