Enquanto o governo Marchezan discute a privatização ou a extinção da Carris, o vereador Aldacir Oliboni (PT) apresentou um projeto propondo o tombamento da empresa como patrimônio material e imaterial da cidade.
– A Carris não pertence a um governo, mas a Porto Alegre e ao conjunto de sua população – argumenta Oliboni.
Mas o arquiteto Luiz Antônio Custódio, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), diz que compete ao Executivo, e não ao Legislativo, proteger o patrimônio. Portanto, a Câmara pode sugerir um tombamento à prefeitura, mas não lhe cabe tombar.
– E, mesmo que a Carris fosse declarada patrimônio de Porto Alegre, isso não impediria uma eventual privatização, extinção ou falência da empresa. Porque o patrimônio material seria o prédio. E o imaterial, a memória da empresa.
Para privatizar ou extinguir a Carris, Marchezan terá de enviar um projeto de lei à Câmara. E lá os vereadores poderão usar o único instrumento democrático para evitar o fim da estatal: o debate político.
Falando nisso, o governo Marchezan vem, sim, buscando no mercado possíveis compradores para a Carris, que neste ano deve atingir R$ 60 milhões de prejuízo.
Uma negociação chegou a ser aberta com a empresa chinesa BYD, que fabrica ônibus elétricos, mas não evoluiu. Se nada der certo – e é possível que não dê, já que dificilmente alguém compraria uma companhia tão deficitária –, a alternativa seria licitar as linhas de ônibus da Carris, vender seu terreno e implementar um plano de demissão para os servidores.