Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (28), o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, descartou criar um projeto para retirar moradores de rua apenas do Viaduto Otávio Rocha, um dos pontos mais emblemáticos da Capital. Segundo ele, o assunto exige uma ação estruturada, que abranja as mais de 4 mil pessoas em situação de rua de Porto Alegre.
— Nós não vamos dizer pra essas pessoas que elas não podem ficar ali (no viaduto). Não vamos varrer esse ser humano. Mas vou dizer que ele tem opção de ficar em albergue, que pode fazer cursos profissionalizantes — exemplificou.
Tratado em reunião do prefeito com secretarias na quarta-feira, o projeto não tem data para ser implantado. A degradação do viaduto, onde o trabalho de assistentes sociais é prejudicado pelo tráfico de drogas e lojistas evitam dar entrevistas por medo de represálias, voltou à pauta nesta semana após o colunista David Coimbra comentar o problema. Há dois meses, uma ação de retirada de moradores de rua com "abordagem humanizada" que aconteceria no feriado de 2 de novembro foi suspensa por Marchezan, que cobrou um projeto mais amplo para o tema. A decisão causou a saída da secretária municipal de Desenvolvimento Social e Esporte, Maria de Fátima Záchia Paludo, segundo assessores próximos a ela. Agora, a Secretaria de Saúde comanda o tema.
— Não vou entrar na questão da secretária. Óbvio que eu não iria impedir esse projeto. Não foi isso que a fez sair da pasta — afirmou Marchezan. — Não vou tapar o sol com a peneira. Tirar pessoas do viaduto é fácil. Mas quando elas estão na porta da tua casa, te incomoda. Quando tivermos uma solução completa, com opções para essa população, aí vamos agir. Isso é trabalho para dois, três anos.
Em um balanço sobre o primeiro ano de mandato como prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan também falou sobre a crise financeira da Capital e sobre a relação conturbada com a Câmara Municipal. Perguntado se sua postura pode ser prejudicial ao relacionamento com vereadores, o prefeito afirmou que política não é "a arte de acertar interesses pessoais".
"A gente perde muito tempo com briguinha em Porto Alegre"
NELSON MARCHEZAN
Prefeito
— Pela primeira vez, estamos discutindo problemas estruturantes da cidade. Nos últimos 26 anos, ninguém encaminhou a questão do IPTU, eu encaminhei. Política é entender o interesse público maior e lutar por ele com todas as forças. E disso não se abre mão — afirmou ele. — A gente perde muito tempo com briguinha aqui em Porto Alegre e estamos afundando a vida das pessoas mais pobres.
Marchezan voltou a defender o novo projeto de revisão do IPTU, que enfrenta duas liminares judiciais e resistências políticas. Se aprovado, o projeto resultará em um aumento imediato de 25% para oito em cada 10 contribuintes.
— Tem só um caminho pra acertar contas: receita e despesa. Tem gente que paga muito, muito menos do que deveria. Nós precisamos organizar e isso é pagar IPTU, sim. Tem locais que valorizaram muito ao longo dos anos e que precisam ser reajustados por causa da nova realidade da cidade. E isso depende da Câmara — afirmou.
Segundo Marchezan, além de buscar aumento nas receitas, a cidade precisa cortar despesas com pessoal. De acordo com o prefeito, a cidade teve o grau de crédito junto ao Tesouro Nacional rebaixado de B para C, o que dificultaria a tomada de empréstimos públicos:
— Nós estamos apavorados. Se Porto Alegre não tira financiamento mais, não tem mais dinheiro.
Confirmação do namoro
O prefeito comentou ainda sobre uma foto, postada no dia 25 de dezembro, em que aparece com a advogada Tainá Vidal, tornando público o namoro. Na legenda, Marchezan escreveu: "Feliz, muito feliz, Natal!". Ele afirmou que tenta "dedicar o pouco tempo que tem" ao filho e à namorada:
— Eu quis colocar um momento de felicidade, com uma pessoa com quem passei o Natal e que eu estou namorando. Sobra muito pouco tempo para a vida pessoal, mas tento dedicar para ela e o meu filho.