Luta de uma comunidade escolar desde o ano 2000, a construção de um novo prédio para Escola Estadual de Ensino Fundamental (Emef) Maria Cristina Chiká, da Lomba do Pinheiro, na Capital, foi prometida em 2013, quando o Diário Gaúcho passou a acompanhar o caso, mas só começou a ser erguida em 2014. Há um ano, a obra está praticamente concluída, porém, não pode ser inaugurada por limitações na rede elétrica e pela falta de acabamentos como vidros nas janelas, classes, privadas e pintura em duas portas. No início deste mês, pais e alunos protestaram contra a situação. Ontem, técnicos da empresa que fará estes serviços foram até o local verificar o que precisa ser feito.
O novo prédio, construído no pátio da escola, tem três andares, 15 salas novas e até elevador, mas está inutilizado, enquanto os 740 alunos se espremem em uma estrutura precária. Eles têm aula em salas improvisadas de madeira compensada. O espaço é pequeno, quente e pouco iluminado. Para atender a todos os alunos, a escola criou quatro turnos de aula: das 7h30 às 11h, das 11h às 14h30 e das 14h30 às 18h e das 18h às 22h. Em dois prédios de alvenaria e duas salas de madeira, a escola ocupa hoje apenas um terço do terreno destinado à instituição. O restante é ocupado pelo novo prédio e pelo ginásio, em construção há quatro anos. Do outro lado do tapume, não há espaço nem para educação física.
— A qualidade do local da aula é primordial para a qualidade do trabalho do professor — considera a diretora da escola, Ivelise Camboim.
"Humanamente impossível"
Para a professora do 4º ano, Nilda Santos, que dá aula nas salas de madeira compensada, o pior é a falta de ventilação. O ambiente é abafado e, por vezes, cheira mal. Os alunos ficam praticamente encostados uns nos outros, e tudo fica mais difícil em dias de prova, quando as professora tentam separar as classes.
— É bem complicado. Eles pedem muitas vezes para ir tomar água, ir ao banheiro. Sei que, algumas vezes, eles nem estão com sede, só querem respirar, pegar um ar. É humanamente impossível ficar aqui sem sair para pegar um ar. Quando dá, a gente foge daqui, troca de sala de aula, faz alguma atividade no pátio — relata Nilda.
O reflexo da luz no quadro também obriga a professora a fechar a porta para que os alunos do fundo enxerguem a lição — se está muito quente, o jeito é pendurar um pano branco na porta:
— Não tem clima ou tempo bom para dar aula aqui. Em dia de chuva também é muito ruim.
Ruim até para a saúde
A dona de casa Aline Soares Almada, 34 anos, preocupa-se com a qualidade do ensino dos filhos. Mãe de Lucas, 13, Bruna, 12 e Eduardo, 11, ela diz que as crianças reclamam da falta de estrutura da escola e não se conformam com o prédio ao lado que está quase pronto, mas não pode ser usado:
— Eles reclamam de mau-cheiro, dizem que é abafado... Meu filho que tem aula na sala de madeira compensada tem bronquite asmática, que se agrava por causa do ambiente.
A filha confirma as queixas:
— As vezes, é muita gente junta no mesmo espaço, enquanto toda essa escola nova está do nosso lado.
Após ver as obras recomeçarem na manhã de ontem, a diretora Ivelise Camboim afirma que está mais esperançosa. Para a escola funcionar, é necessária a instalação de subestação de energia para atender a demanda de luz. No projeto inicial, isso não chegou a ser previsto.
— Se tudo seguir como o prometido, no começo do ano letivo, estará pronto — almeja Ivelise.
Em nota, a Seduc informou que a inauguração da escola nova depende da conclusão de duas obras e frisou que "a escola receberá, com as obras prontas, os alunos para no início do ano letivo de 2018."
O primeiro passo é a instalação da subestação de energia. Uma licitação aberta em novembro não teve interessados. No dia 1º de dezembro, em nova tentativa, houve uma empresa vencedora. Após avaliação da documentação da empresa, só resta a assinatura do contrato. O trabalho deve ser concluído em 60 dias. A segunda obra são os acabamentos, cuja previsão de conclusão é de até 60 dias.