Saber fazer churrasco é questão de honra para muitos gaúchos. Nesta quarta-feira (15), no bairro Boa Vista, foi também questão de solidariedade. Mais de 30 amadores participaram do 3º Mestres Assadores, competição em prol do projeto WimBelemDon, que oferece ensino do tênis para crianças em situação de risco no bairro Belém Novo, zona sul de Porto Alegre.
Com quatro miniparrillas, dispostas uma ao lado da outra, foram mais de cinco horas de carne assando na Praça Japão: das 10h até pouco depois das 15h. As 30 provas eliminatórias tiveram tempo regimental de 20 minutos. Um dos organizadores do projeto, Roberto Majó de Oliveira, o Bebeto, observa que competições de churrasco em reality shows americanos já são comuns, mas, na Capital, o formato foi adequado à causa social.
— A gente pegou de modelo os torneios de tênis. Em geral, as chaves têm 32 jogadores, e nós transformamos em 32 assadores — explica.
À medida que prosperavam, os competidores iam sendo desafiados com cortes diferentes — assado de tira, vazio, contrafilé. Seis jurados julgavam a apresentação, o ponto da carne e o sabor. E dentro disso valia de tudo: teve quem trouxe seu próprio sal temperado de casa ou colocou casca de macieira para dar diferença no gosto. Depois de avaliado o churrasco, amigos, familiares, curiosos e a própria imprensa à volta garantiam que não houvesse desperdícios. Graziele Bongiolo, 11 anos, aluna do WimBelemDon, não deu muita força nesse sentido porque é "meio vegetariana": mas não deixou de apoiar o evento.
— Achei bem legal ver eles fazendo, numa daquelas churrasqueiras que nunca vi na vida — disse a menina, justificando: — Prefiro ovo frito.
Um dos competidores mais jovens, o biólogo Felipe Secco Richter, 26 anos, também tinha uma das mais animadas torcidas do evento, que vibrava a cada etapa vencida. O irmão inclusive fazia uma cobertura em tempo real por meio do WhatsApp aos amigos que não puderam comparecer. O pai, quem ensinou Felipe a fazer churrasco, também participou da competição. Mas dessa vez, a criatura superou o criador. Felipe chegou até a final, que foi disputada por quatro finalistas e teve colher de chá: 30 minutos para entregar a carne.
Enquanto eles cortavam a carne na frente dos jurados, chegava a ser difícil se aproximar da mesa, cercada por curiosos com celulares em punho, registrando tudo. Com um filé Tomahawk de respeito, o vencedor foi o advogado Adriano Zir Barbosa, 43 anos, que disse não ter segredo para um bom churrasco — fez apenas a ressalva de que a carne precisa ser boa. Ironicamente, o grande vencedor da competição nasceu no Rio de Janeiro.
— Sou porto-alegrense. Carioca só de nascença — apressou-se a emendar.
Os organizadores vão repassar os lucros obtidos com inscrições e venda de lanches e bebidas ao WimBelemDon. É possível também doar qualquer quantia para o projeto por meio de depósitos. Veja como em wimbelemdon.com.br.