Não importa o tamanho da crise. Peões e prendas de todas as querências fazem coro ao garantir que ficar sem churrasco não dá.
– Ainda mais na Semana Farroupilha – ressalta o pedreiro Aldomar Silveira, 53 anos, que assava uma costela no acampamento do Parque Harmonia na tarde de sexta-feira.
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Protagonista dos festejos de setembro, a carne é um dos itens que mais pesam no bolso do brasileiro. Mas com um pouco de força de vontade – além da sempre recomendada pesquisa de preços –, é possível comemorar o Dia do Gaúcho à altura, sem se apertar tanto por isso.
ZH consultou a mestre churrasqueira Clarice Chwartzmann e o chef de cozinha Alexandre Reolon para te dar algumas dicas:
1) Abra sua mente
Cortes da parte dianteira do boi tendem a ser mais baratos, e Clarice garante: também podem ser deliciosos.
– Tem de chegar no açougue e falar: quero um corte do dianteiro para churrasco – orienta a mestre churrasqueira, dando a paleta, o acém, o cupim e a costela do dianteiro como exemplos.
Clarice lembra que as carnes mais fibrosas precisam de mais tempo para assar, então é aconselhável deixá-las mais para cima na churrasqueira.
É claro que isso não significa que a picanha será declarada proteína "non grata", mas ela pode ser a cereja do bolo enquanto as outros cortes (e um bom galeto) vão fazendo a alegria da gauchada. Até porque, com base nos preços de açougue do acampamento, o quilo da picanha está R$ 42,90, enquanto o peito e a paleta podem sair por R$ 14,90.
Já para Reolon, o vazio é o corte com maior custo-benefício no Estado hoje – no Acampamento, sai por R$ 26 o quilo.
2) O segredo está nos aperitivos
A tática de servir pedaços de linguiça e pão com alho antes do churrasco mostra-se cada vez mais astuta. E Clarice lembra que preparar esse último quitute com o pão francês "envelhecido", do dia anterior, é uma boa pedida. A pasta para o aperitivo, você pode fazer em casa, utilizando, além do alho, manteiga e talvez um pouco de queijo parmesão.
Na edição do Festival Comida de Galpão que a dupla realizou na sexta-feira no Espaço de Hospitalidade do Acampamento Farroupilha, verduras e legumes também serviram como uma bela entrada. Moranga cabotiá, com casca e tudo, e cebola são algumas das dicas dos chefes. Reolon disse que esses alimentos devem ir para a grelha com fogo forte, a 25 ou 30 centímetros das chamas. De sobremesa, frutas como banana e laranja, assadas com casca, e abacaxi descascado. Ainda vale ressaltar que os produtos da época têm melhor preço.
3) Economize no carvão, não na organização
Muita gente enche a churrasqueira de carvão, mas não precisa. Clarice aconselha a colocar carvão em dois cantos da churrasqueira e ir alimentando o fogo devagarinho, esperando formar um "leito de brasa".
– Se queima muito rápido, esquenta muito e torra a carne – resume a mestre churrasqueira, acrescentando que é possível guardar o que sobrou do carvão no saco, desde que não pegue umidade.
O chefe Reolon acrescenta ainda que a organização e o planejamento são aliados da economia. Aí entra contar o número de viventes convidados e quanto de carne consumirá cada um.
– A carne é a proteína mais cara. Embora o gaúcho ache que, se não sobrou, faltou, não precisa fazer 10 espetos para cinco, seis pessoas – destaca.
Ele aponta porções de 200g a 300g por pessoa como adequadas.
– A gente tem de ser mais econômico. Comida pesa muito no orçamento familiar, e o churrasco de domingo, ainda mais – diz ele.