O Carnaval de Rua de Porto Alegre retomou as atividades neste domingo levando mais de 15 mil pessoas ao bairro Cidade Baixa, de acordo com a Brigada Militar. Interrompida desde o temporal ocorrido em Porto Alegre no fim de janeiro, a programação retornou com uma combinação propícia para a folia: tempo firme, público animado e muita música. Mas nem tudo é festa. Enquanto os foliões dançavam, alguns moradores do bairro realizavam um protesto silencioso contra o evento, com faixas e panos pretos em frente às casas.
Às 16h, o bloco Satélite Prontidão abriu os trabalhos, seguindo pela João Alfredo até a dispersão, na esquina com a Rua Luiz Afonso. Do trio elétrico, os músicos comandavam a multidão apostando em diferentes ritmos, como o samba e o funk, que se misturava à batida do Carnaval.
– Gosto mais de sertanejo, mas é Carnaval, viemos nos divertir. É bom comemorar a data agora, porque tem ainda mais gente em Porto Alegre. Assim, fica maior ainda o evento – diz a engenheira civil Renata Borges, 29 anos, que participou da folia pela segunda vez.
Leia mais
Moradores da Cidade Baixa protestam contra Carnaval
Carnaval de rua da Cidade Baixa tem mais duas datas alteradas
Com fantasias, adereços e jatos de spray de espuma, o público seguiu o trio elétrico pela rua sem descanso. Um dos destaques foi a participação das crianças, a maioria caracterizada. A vendedora Nadi Torres, 25 anos, trouxe a filha Mel, de quatro anos, vestida de princesa Elsa, do desenho Frozen:
– É um programa de família, ela gosta. Ficamos aqui até ela cansar.
O segundo grupo a comandar a festa foi o Areal do Futuro. A partir das 19h, a concentração começou na João Alfredo com a Luiz Afonso, seguindo até a Baronesa do Gravataí.
Protesto silencioso
Quem passava pelas ruas da Cidade Baixa durante o Carnaval de Rua de Porto Alegre notava panos e faixas pretas estendidos na fachada das casas. Organizado na última sexta-feira, o protesto silencioso mostrava o descontentamento de parte dos residentes no bairro com a realização do evento neste fim de semana.
– O bairro ainda está em reconstrução após o temporal. Os moradores nem tiveram tempo de refazer telhados, há grades improvisadas, buracos na calçada, postes com luz improvisada. É uma falta de sensibilidade com o morador do bairro fazer o Carnaval agora – defende Roberta Rosito Corrêa, presidente da Associação dos Amigos da Cidade Baixa.
Integrante da manifestação, a moradora Shirley Nunes estendeu uma enorme lona em frente à sua casa. A advogada acredita que o melhor seria a festa ser realizada sempre na orla do Guaíba:
– Não somos contra o Carnaval de Rua. Nosso problema é com o momento, a circunstância. Estamos em luto, alguns perderam tudo. Ainda não estamos recuperados. Além disso, como o evento cresceu tanto, talvez seja um momento de reavaliação, se deve continuar sendo feito aqui.
Responsável por anunciar a retomada da programação, o Secretario Municipal da Juventude, Diego Buralde, acredita que é papel do poder público entender os dois lados da história. Segundo ele, é necessário dar andamento ao calendário combinado com todas as partes envolvidas, tanto moradores quanto grupos de Carnaval.
– Encontramos resistência dos moradores para o retorno. Mas a gente tinha que retomar essas datas porque era um compromisso com os blocos, e já há condições mínimas para ocorrer o Carnaval. Acho legítima a manifestação, sabemos o que ocorreu. Tivemos que tomar um decisão – explica.
Os blocos seguem desfilando pelas ruas da Capital até 12 de março.