Após protestar pelas ruas na Capital nesta segunda-feira, a comunidade Bela Vista, na Zona Norte, conseguiu marcar uma reunião com os proprietários do terreno ocupado, com mediação do governo estadual e da prefeitura. Na próxima quinta-feira, representantes de cada setor s envolvidos se reunirão na Secretaria Estadual de Obras, Saneamento e Habitação.
O principal objetivo, segundo o diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), Everton Braz, é negociar a venda dos 6,5 hectares localizados no Rubem Berta. Para isso, os ocupantes aceitaram constituir uma cooperativa habitacional, para que possam adquirir a área por meio de financiamentos e programas governamentais.
A negociação não barra o processo judicial, que corre paralelamente na Vara Cível do Foro Regional Alto Petrópolis. Nesta segunda, os advogados da comunidade recorreram da decisão, que havia mantido a reintegração de posse da área para o próximo dia 15. Eles pedem pela suspensão da ação ou, então, que ela seja adiada para depois das festas de final de ano. Para isso, em reunião na Casa Civil nesta tarde, também solicitaram reunião com a Brigada Militar, para que a corporação proponha que a reintegração ocorra somente no ano que vem.
Líder da comunidade há dois meses, Gean Carlos Girelli confirma que o objetivo das mais de 300 famílias, com as manifestações do dia, foi alcançado, com a marcação da reunião de quinta e outra com o vice-prefeito, Sebastião Melo, prevista para esta terça-feira. Mas reforça que o fundamental será conseguir, pelo menos, adiar a reintegração:
- Queremos passar Natal e Ano Novo ali, que é a nossa casa há um ano e seis meses - afirma. - Tem festa pras crianças organizada e as crianças esperam pelo Papai Noel. Se dia 15 forem retiradas dali, vão pra debaixo da ponte? Que Natal elas vão ter? - questiona.
Segundo Girelli, os proprietários já teria cogitado vender o terreno, mas por uma quantia de R$ 30 milhões.
- Queremos um preço justo. Com R$ 30 milhões a gente compra um condomínio de luxo, e não um lugar que falta água e luz - defende. - Estamos fazendo tudo direitinho, com cadastros, cooperativa e CNPJ, e merecemos uma proposta justa.
A ZH, a advogada Raquel Oliveira Oliveira, que representa os irmãos Silvio, Maria Silvina, Augusto Sérgio e José Inácio Motolla Garcia - embora a ação judicial seja movida apenas por Augusto - confirmou que o valor de R$ 30 milhões foi sugerido por eles, mas que a venda seria feita apenas por "obrigação", por determinação judicial. E que o valor foi calculado após avaliação do terreno, estimado entre R$ 23 milhões e 25 milhões.
- Nenhum dos quatro quer vender a sua parte. Não existe essa hipótese. Por isso, a reintegração de posse vai ocorrer no dia 15 - afirmou Raquel. - Eles desejam morar e manter empreendimentos no terreno.
A advogada disse que os proprietários não têm interesse em participar da reunião na quinta-feira, e que, como se trata de um "convite", e não de uma intimação, ela mesma vai avaliar se participará do encontro.