* Zero Hora
O coletivo Cais Mauá de Todos voltou a se manifestar, na noite deste sábado, contra o projeto de revitalização da área portuária de Porto Alegre, que prevê a construção de um shopping e torres no local. O objetivo é impedir a construção, assim como foi evitada a transformação do Parcão em um lote de 40 prédios nos anos 1950 e a derrubada do Mercado Público nos anos 1970, explica o grupo.
Grupo pede mudança no projeto de revitalização do Cais Mauá
Obras no Cais Mauá, em Porto Alegre, paralisam à espera de licença
Para atrelar o movimento a outras iniciativas pelo Brasil, houve um contato com os defensores do Cais Estelita, no Recife, onde há uma forte luta para impedir a construção de várias torres comerciais na orla. O passo seguinte é criar a chamada Fundação Cais Mauá para "marcar presença em qualquer movimento de revitalização do Cais, presente ou futuro", informa o grupo.
- Não conseguimos ter vez e voz apenas como coletivo. Falta essa parte institucional, da fundação, para que possamos ser ouvidos - afirma João Volino, sociólogo que é um dos organizadores do evento.
Em vídeo, manifestantes questionam o projeto. Assista:
O grupo não se declara contra a revitalização, mas pede que o projeto seja desenvolvido sob três pilares: transparência, legalidade e participação popular - que, apontam os representantes, estão faltando por parte da prefeitura. Conforme a advogada Jacqueline Custódio, uma das porta-vozes do coletivo, a criação de uma fundação permitiria institucionalizar a representação do Cais Mauá de Todos.
- Sempre que tentamos chamar para o diálogo, foi por iniciativa nossa. A prefeitura pode já considerar esta questão encerrada, mas achamos que não está - diz Jacqueline.
O evento anterior ocorreu em 18 de abril. Na ocasião, o grupo pediu a reformulação do projeto, e sugeriu alternativas. A prefeitura, porém, informou na época que não haveria mudanças no atual projeto.
Obras de revitalização do Cais do Porto continuam paradas
Foi em 2010 que o governo do Estado lançou o edital para escolher a empresa que fará a reforma da área. O consórcio Porto Cais Mauá, formado por espanhóis e brasileiros, venceu o edital e ganhou o direito sobre a área por 25 anos. O contrato foi assinado pela então governadora Yeda Crusius e, no ano seguinte, o governador Tarso Genro decidiu dar continuidade ao projeto. O início das obras estava previsto para o primeiro semestre de 2012, mas o anúncio oficial só aconteceu no final de 2013.
Em janeiro de 2014, as estruturas do Cais do Porto que não são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional entraram em processo de demolição, mas obras foram paradas até que o relatório de impacto ambiental seja aprovado, segundo relatou a prefeitura, em fevereiro, à reportagem de Zero Hora.