Médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estiveram reunidos com representantes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) na tarde desta quarta-feira (21), após o episódio da morte de um idoso esperando atendimento no centro da capital. Os médicos relataram problemas no atendimento do serviço e revelaram a carência de profissionais e até mesmo de condições de trabalho.
Conforme um dos diretores do sindicato, os médicos relataram três situações. Jorge Eltz de Souza explica que a primeira é a dificuldade em identificar um real caso de emergência, devido a grande quantidade de trotes que o sistema recebe. Ele também afirma que as condições oferecidas aos profissionais dificultam o trabalho.
"O profissional precisa decidir sozinho se um atendimento é de urgência ou não, apenas pelo telefone. Às vezes uma dor nas costas não parece, mas é de urgência. Quando o atendente diz que o caso não é de emergência, ele é xingado pelo telefone. Se a urgência se confirma, nem sempre tem ambulância. Se tem ambulância, não tem leito."
Ontem a secretaria da Saúde de Porto Alegre afirmou que o número de ambulâncias e profissionais está dentro do que preconiza o Ministério da Saúde. A capital conta com 15 veículos. O diretor do Sindicato Médico revela que desde o episódio da morte do idoso na terça-feira, os casos de hostilidade com os profissionais do Samu aumentaram significativamente. De cada cinco ligações recebidas entre ontem e hoje, apenas UMA se refere a um real pedido de emergência.
Nesta quinta-feira, Tribunal de Contas do Estado (TCE) revelou que uma auditoria será feita e setembro para avaliar os indicadores de atendimento do Samu. Um relatório será elaborado e deve estar pronto entre outubro e novembro. A secretaria da Saúde instaurou uma sindicância para investigar o caso e o Ministério Público também avalia o episódio.