Expoentes da direita no Rio Grande do Sul silenciaram a respeito do indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado. Além dele, outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (21).
Influentes entre conservadores e cotados para disputar cargos majoritários em 2026, o deputado federais Luciano Zucco (PL) e Marcel van Hattem (Novo) disseram que vão aguardar ter acesso ao relatório completo da Polícia Federal para se manifestar sobre o caso.
No Instagram, Zucco fez uma publicação de apoio a Bolsonaro, na qual afirma que o ex-presidente não está sozinho.
Procurado por Zero Hora, o ex-ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni não deram retorno até as 18h. Outro que silenciou foi o senador Hamilton Mourão (Republicanos), vice-presidente na gestão de Bolsonaro.
O presidente estadual do PL, Giovani Cherini, enviou nota na qual classificou os indiciamentos como "continuidade de uma clara perseguição política (leia íntegra abaixo)".
Em contrapartida, alguns aliados gaúchos saíram em defesa do ex-presidente. O senador Luis Carlos Heinze (PP) criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), e disse que não acredita que tenha ocorrido uma tentativa de golpe.
— Bolsonaro podia ter feito isso e não fez. Ele sempre disse que iria jogar dentro das quatro linhas — alegou Heinze, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Para o deputado federal Bibo Nunes, vice-líder do PL na Câmara, "não faz sentido" classificar o ato de 8 de janeiro como tentativa de golpe de Estado pois não havia armas e tanques nas ruas.
— É a terceira vez que indiciam o Bolsonaro, mas nada conclusivo. Quero alguma prova cabal que possa convencer. O que está errado, está errado, o que está certo, está certo. Só que, até o momento, o 8 de janeiro me deixa com total dúvida sobre qualquer manifestação — declarou Bibo.
Indiciamento
Além da tentativa de golpe, Bolsonaro foi indiciado pela PF por abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa.
O relatório da investigação foi enviado na tarde desta quinta-feira (21) ao ministro Alexandre de Moraes. Caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar ou não os indiciados.
Em entrevista ao site Metrópoles, o ex-presidente disse que Moraes "conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa".
"Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar", afirmou Bolsonaro ao colunista Paulo Capelli.
O que diz Giovani Cherini
NOTA OFICIAL
O indiciamento do Presidente Jair Bolsonaro, do Presidente Valdemar Costa Neto e de outras 35 pessoas, divulgado hoje pela Polícia Federal, não causa surpresa. Esse ato reflete a continuidade de uma clara PERSEGUIÇÃO POLÍTICA que vem se desenrolando nos últimos anos.
Nossa esperança está na mãos da PGR, onde espera-se que ela haja com total isenção, avaliando as provas com rigor e afastando-se todas especulações sem fundamento.
Esperamos que a posse de Donald Trump cause um impacto “no poder que terá agora os Estados Unidos contra os abusos de autoridades que estão ocorrendo no Brasil.
Como presidente estadual do PL gaúcho, reafirmo nosso compromisso com os valores democráticos e na busca pela verdade.
Como está escrito no Evangelho de João: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
Deputado Federal Giovani Cherini
Presidente Estadual do PL/RS