À frente de quatro dos cinco maiores municípios gaúchos, os prefeitos eleitos de Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria defendem a correção da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) e uma equalização da reforma tributária. Sebastião Melo (MDB), Adiló Didomenico (PSDB), Fernando Marroni (PT) e Rodrigo Decimo (PSDB) citaram os temas como demandas prioritárias para uma ação conjunta nos próximos meses.
Reunido em evento da Federasul, o grupo que emergiu vitorioso nas urnas participou de edição especial do Tá Na Mesa. O prefeito eleito de Canoas, Airton Sousa (PL), também foi convidado, mas não compareceu alegando caso de doença na família.
Além da tabela do SUS e da reforma tributária, Melo, Adiló, Marroni e Decimo elencaram a necessidade de investimentos em mobilidade urbana e na reconstrução dos sistemas de proteção contra cheias como objetivo de uma união de esforços entre os municípios. A tabela do SUS e a reforma tributária, todavia, são mais urgentes em função do efeito imediato nas finanças do município.
Segundo Adiló, a rede pública de saúde de Caxias responde por 49 municípios da região e abriga o maior déficit do setor no Estado. Melo ressaltou a diferença orçamentária na Capital.
— Hoje Porto Alegre bota R$ 114 milhões para pagar a diferença do serviço que a tabela não cobre. Do jeito que está não dá mais. Botamos R$ 40 milhões para diminuir a fila e a demanda aumentou três vezes — disse o emedebista.
Na reforma tributária, os prefeitos temem perder arrecadação e ainda ver penalizado o setor de serviços, um dos mais ativos economicamente nos municípios. Adiló e Melo defenderam uma atuação das associações de prefeitos junto ao Congresso, em Brasília, em busca de um reequilíbrio nas alíquotas e na distribuição das receitas.
— O município recebe a primeira cobrança do cidadão e fica com a menor fatia arrecadatória do país — disse Adiló.
Com a missão de conduzir as menores cidades do grupo, Marroni e Decimo defenderam novos planos de desenvolvimento econômico. Ambos destacaram o turismo e a inovação como setores capazes de gerar renda e emprego, além de atrair investimentos privados. Marroni citou a necessidade de integração com o município vizinho de Rio Grande e apostar em novas fronteiras econômicas, como a exploração de petróleo na Bacia de Pelotas e a geração de energia eólica na Zona Sul.
— As cidades precisam ter sustentabilidade, diminuir seu custo, poder ter frotas elétricas, apoiar a energia gerada na própria região. Isso leva oportunidade de investimento, emprego e renda. Precisamos muito da iniciativa privada — salientou Marroni.
Decimo destacou a importância do setor tecnológico, revelando a intenção de criar em Santa Maria uma espécie de zona franca para empresas de softwares. Embora tenha reconhecido gargalos logísticos e de infraestrutura, afirmou que as empresas de inovação têm apresentado forte crescimento na cidade.
— Fizemos o monitoramento de 22 CNPJs da indústria de tecnologia. Em 2018, eles faturavam R$ 6,4 milhões. Em 2023, o faturamento foi de R$ 170 milhões — exemplificou.
Todos os prefeitos ressaltaram a preocupação com novos desastres climáticos e o desafio de reconstruir os bairros afetados pela enchente de maio. Adiló vai a Brasília na segunda semana de novembro, pedir ajuda na recuperação da zona rural de Caxias do Sul. De acordo com o prefeito, 500 das 6,5 mil propriedades do município foram devastadas por deslizamentos na enchente de maio. Marroni pretende começar pela limpeza da área urbana.
— Nosso principal desafio é a zeladoria da cidade. Retirar o lixo, desobstruir bueiro e galerias que estão entupidos e recuperar o pavimento — resumiu Marroni.