A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (4), a segunda fase da Operação Venire, que investiga fraude nos certificados de vacinação contra a covid-19. São cumpridos mandados de busca e apreensão contra agentes públicos vinculados ao município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, que seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). São alvos: Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias (RJ) e secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, e Célia Serrano da Silva, secretária de Saúde do município.
A 1ª fase da Operação Venire foi deflagrada em maio do ano passado. Os policiais prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid , e outros cinco suspeitos.
Registros fraudulentos no sistema do SUS
Segundo o inquérito da PF, foi da cidade de Duque de Caxias que partiu a adulteração nos registros de aplicações de doses de vacina contra covid-19 no ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações tiveram origem na Controladoria-Geral da União (CGU) e foram reveladas pelo Estadão.
De acordo com a PF, em dezembro de 2022, João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias, inseriu dados fraudulentos no sistema do SUS sobre a suposta vacinação de Bolsonaro.
As informações inseridas apontavam que o então presidente foi a Duque de Caxias receber doses da vacina Pfizer nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022. No entanto, de acordo com as diligências, o deslocamento do então presidente até a cidade na Baixada Fluminense nas datas indicadas não era viável.
Os dados inseridos por Sousa Brecha foram removidos seis dias depois pela servidora Claudia Helena Acosta, chefe da Central de Vacinas da cidade, sob alegação de "erro". Neste ínterim, porém, já haviam sido impressos comprovantes de vacinação com as informações fraudulentas, que foram entregues às autoridades de imigração dos Estados Unidos.
Sousa Brecha foi preso durante a primeira fase da Operação Venire. Nesta quinta, foi deflagrada a segunda fase das diligências.
Quem é Washington Reis?
Washington Reis é secretário estadual de Transportes e ex-prefeito de Duque de Caxias, onde foi vereador e vice-prefeito. Além disto, foi deputado estadual de 1995 a 2004, por três mandatos consecutivos, e deputado federal de 2011 a 2017.
Na eleição de 2022, Reis era cotado para compor como vice-governador na chapa de Cláudio Castro, do PL, ao Executivo estadual. O MDB formalizou a sua indicação, mas seu nome acabou impugnado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-PR). Em seu lugar, assumiu como vice na chapa de Castro o ex-secretário estadual Thiago Pampolha (União Brasil).
As diligências foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
Aprofundamento das investigações
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ao Supremo em abril o aprofundamento das investigações. Em março, a PF indiciou no caso o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas por suspeita dos crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa. De acordo com os investigadores, a fraude pode ter sido realizada no escopo da tentativa de aplicar um golpe de Estado no país e impedir a posse de Lula (PT).
Para Gonet, apesar de "relevantes achados que constam do minucioso relatório final da investigação", ainda não há uma resposta do Departamento de Justiça dos EUA a pedido Polícia Federal de "esclarecimento sobre se os investigados fizeram uso dos certificados de vacinação ideologicamente falsos quando da entrada e estada no território norte-americano".
— É relevante saber se algum certificado de vacinação foi apresentado por Jair Bolsonaro e pelos demais integrantes da comitiva presidencial, quando da entrada e permanência no território norte-americano — diz o PGR.
A fraude
O esquema teria adulterado os cartões de vacina:
- do então presidente Jair Bolsonaro;
- da filha mais nova dele, Laura;
- de assessores do então presidente;
- do deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do então prefeito de Duque de Caxias.
Segundo as investigações, a fraude ocorreu em 21 de dezembro de 2022, pouco antes de Bolsonaro viajar para os EUA (no penúltimo dia de mandato). Após ser lançado no ConecteSUS, é possível gerar um comprovante de imunização. Os dados foram retirados do sistema em 27 do mesmo mês, segundo relatório da Polícia Federal.https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2024/07/saiba-como-sera-o-evento-que-vai-reunir-milei-bolsonaro-e-outros-politicos-de-direita-em-balneario-camboriu-cly4rs9ap00rx0120r4coynim.html