O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve nesta segunda-feira (18) a primeira reunião com toda a equipe ministerial neste ano. Após pesquisas que indicaram queda na aprovação do governo junto à população, Lula destacou que ainda "falta muito a fazer" e voltou a direcionar críticas à gestão anterior, chefiada por Jair Bolsonaro.
— Nosso primeiro ano foi de recuperação. E não foi fácil. Todo mundo aqui sabe que recuperar uma coisa estragada é mais difícil que começar uma nova — afirmou.
Na esteira de críticas ao governo bolsonarista, que, segundo o atual presidente, não se preocupava em governar, mas apenas em espalhar ódio e mentiras, Lula declarou que hoje há certeza sobre o risco de um golpe de Estado no Brasil em 2022:
— Hoje temos mais clareza do significado do 8 de Janeiro porque a gente já sabe o que aconteceu em dezembro. Hoje tem depoimento de gente que fazia parte do governo, que estava no comando das Forças Armadas, de gente que foi convidada pelo presidente a fazer um golpe. Então, se há três meses, quando a gente falava em golpe, parecia apenas insinuação, hoje temos certeza de que esse país correu sério risco de ter um golpe, em função das eleições de 2022.
A Operação Tempus Veritatis, no início de fevereiro, revelou uma investigação da Polícia Federal sobre uma tentativa de golpe no Brasil em 2022. Um plano, que teria sido discutido no governo, previa, de acordo com a PF, a decretação de um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com prisão do ministro Alexandre de Moraes. A medida se basearia em teorias nunca comprovadas sobre fraude nas urnas e teria como objetivo evitar a confirmação do resultado da eleição, vencida por Lula. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro está entre os investigados, porque teria participado da redação do decreto golpista e, segundo depoimentos, apresentado a proposta a chefes das Forças Armadas.
Diante destes acontecimentos recentes, para Lula, o atual governo precisa trabalhar também para consolidar a democracia no país:
— Nós estamos aqui com a incumbência de fazer uma coisa muito importante. Não é só a gente resolver o problema da economia, da saúde, do transporte, da agricultura. Nós temos que resolver uma coisa muito mais séria, que é a consolidação do processo democrático deste país. A democracia passa a ser uma coisa fundamental nas nossas vidas.
O chefe do Executivo então concluiu:
— Tenho certeza de que ao final do nosso mandato esse país será mais democrático, o povo estará vivendo melhor, comendo melhor, estudando melhor, o povo estará vivendo muito mais dignamente.
A reunião ministerial, iniciada pouco antes das 10h, não tem duração predefinida e é a única atividade na agenda oficial de Lula nesta segunda.