- O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, depõe na manhã desta terça-feira (26) à CPI do 8 de Janeiro, que apura os atos golpistas que culminaram com a invasão das sedes dos três poderes no início de 2023, em Brasília.
- Em sua primeira manifestação, o ex-ministro disse que não tem condições de prestar esclarecimentos sobre os atos porque já saiu do governo.
- Ele também negou que tenha tratado de assuntos "eleitorais ou político-partidários" com os funcionários do GSI.
- Heleno afirmou que a presença do auxiliar do então presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, em reunião para tratar de golpe de Estado é uma "fantasia". Cid relatou, em delação, que teria discutido com o ex-presidente a possibilidade de um golpe com comandantes das Forças Armadas.
- O ex-ministro havia pedido para o Supremo Tribunal Federal (STF) para não comparecer à sessão, mas o ministro Cristiano Zanin não autorizou. Entretanto, foi permitido a ele ficar em silêncio durante o depoimento.
- A CPI mista, que reúne deputados e senadores, é presidida pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Acampamentos eram "ordeiros e pacíficos", diz general
Heleno classificou como “ordeiro e pacífico” o acampamento de bolsonaristas em frente ao Comando Geral do Exército, em Brasília. A afirmação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) foi feita durante o depoimento do general na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
— Eu nunca fui ao acampamento. Não por falta de tempo, mas por falta de condições de participar do que realizavam no acampamento que, pelo que sabia, eram atividades extremamente pacíficas e ordeiras. E nunca considerei o acampamento algo que interessasse à segurança institucional. Sempre achei que era uma manifestação política pacífica — disse o general.
Diante da afirmação de Heleno, a relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), lembrou que “foi do acampamento que surgiu a ideia de montar uma bomba para explodir um caminhão de combustíveis no aeroporto de Brasília. Foi de lá que os vândalos saíram para quebrar a Praça dos Três Poderes”
Depoimento anterior
Heleno foi ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal em junho e manteve-se fiel a Bolsonaro, como ele mesmo afirmou. O ex-GSI disse não ter sido articulador de golpe e recorrentemente respondeu "não me lembro" ao ser questionado por deputados de partidos da oposição.
Em junho, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos no Distrito Federal, o general Heleno disse que os acampamentos golpistas eram "locais sadios" e minimizou as ocorrências. Mas o contexto agora é menos favorável ao ex-chefe do GSI do que há três meses. O testemunho dele ocorrerá entre diversos reveses que têm atingido os militares nas últimas semanas, como a operação da Polícia Federal que cita o general Braga Netto em uma investigação sobre supostos desvios de dinheiro público durante a intervenção federal no Rio de Janeiro.