Cumprindo agenda oficial em Porto Alegre nesta segunda-feira (14), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, endossou a campanha para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal (STF). A próxima vaga na Corte será aberta em outubro, com a aposentadoria da ministra Rosa Weber.
Em entrevista coletiva, Anielle relatou que já levou o pleito diretamente ao presidente da República e argumentou que, após sancionar a Lei de Cotas e editar decreto que garante 30% das vagas na administração pública a pessoas negras, Lula estaria "fazendo história" novamente ao indicar uma jurista negra para o STF.
— Estou desde o começo do ano dizendo isso. Se eu pudesse, eu falaria "vai ser tal mulher negra", ou dava um leque de mulheres negras (para Lula escolher) — afirmou a ministra.
Nos 130 anos da Corte, apenas três mulheres ocuparam cadeira de ministra, nenhuma delas preta ou parda.
— Isso faz parte da nossa luta cotidiana. Seria desonesta comigo mesma se não endossasse essa campanha e essa luta. E vamos torcer. A vaga é dele, ele que vai indicar, mas a gente tem a nossa torcida — acrescentou Anielle.
A ministra atendeu jornalistas antes de participar de uma roda de conversa sobre o papel das mulheres negras nos espaços de poder, organizado pela deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), na Assembleia Legislativa.
A pressão para que Lula indique uma mulher negra ao Supremo vem desde o início do governo. Na primeira escolha, ele apontou seu ex-advogado Cristiano Zanin para ocupar a vaga deixada por Ricardo Lewandowski.
Nesta semana, a Coalizão Negra por Direitos lançou uma campanha oficial apoiando a causa. Na semana passada, a ministra Cármen Lúcia também declarou que "não há razão" para que Lula não escolha uma mulher negra.
Na Capital, Anielle também esteve em reunião com o governador Eduardo Leite, na qual discutiu políticas de igualdade. Participaram do evento secretários estaduais e deputados.
A auxiliar de Lula ainda esteve em uma conferência sobre a luta contra o racismo, no Salão de Atos da UFRGS, ao lado de deputados estaduais e federais de esquerda e representantes de entidades relacionadas a causas antirracistas.