A Corregedoria da Polícia Civil, que investigou a denúncia de violência doméstica registrada pela ex-companheira do deputado estadual Leonel Radde (PT), sugeriu o arquivamento da investigação e indiciou Giane Alves Santos por extorsão, denunciação caluniosa e difamação. O relatório foi encaminhado na quinta-feira (6) ao Judiciário e segue para análise do Ministério Público, que pode manter o entendimento ou pedir novas diligências.
Em 19 de abril, Radde registrou um boletim de ocorrência por extorsão e denunciação caluniosa. O relato dele é de que, em 29 de março, a mulher teria pedido R$ 100 mil para sair de casa, mas os dois não teriam chegado a um acordo, e que ela o teria denunciado por violência doméstica dois dias após um pedido judicial de separação feito por ele.
Áudios em que Giane pedia dinheiro para deixar a casa foram anexados, inclusive um em que ela dizia que iria na Delegacia da Mulher. Essas provas geraram o indiciamento por extorsão. A denunciação caluniosa foi configurada pelo boletim de ocorrência registrado pela mulher, logo após a notificação judicial de separação, e a difamação, pela exposição pública do caso.
Apesar do entendimento da Polícia Civil, a medida protetiva de urgência que impede o deputado de se aproximar da mulher e comentar publicamente o assunto segue em vigor, pois corre em procedimento separado. Um pedido de revogação já foi encaminhado pela defesa do deputado.
O boletim de ocorrência que deu origem a essa investigação foi registrado pela ex-companheira do deputado no dia 12 de abril, quando ela alegou ter sido agredida quatro dias antes, na madrugada de 8 de abril, na casa onde os dois moravam. O caso foi encaminhado para a Corregedoria, pois Radde é policial civil.
Entenda o caso
A discussão que deu origem à suposta agressão teria acontecido durante uma confraternização promovida pela filha do deputado, com cerca de 10 pessoas. Testemunhas foram ouvidas e nenhuma mencionou o suposto episódio de agressão.
Um amigo que conversou com Giane por mensagem naquela noite contou que em momento algum ela mencionou ter sofrido agressão física, apesar de ter contado sobre a discussão pelo som alto.
A advogada Juliana Borges, que representa Giane, informa que ainda não foi intimida sobre o inquérito e que, por isso, não pode se manifestar nesse momento. No entanto, reafirma que o relatório ainda precisa ser analisado pelo Ministério Público.
O advogado de Radde, Eduardo Amorim de Mattos, se manifestou por meio de nota:
"A assessoria jurídica do deputado Leonel Radde informa que o parlamentar encontra-se impedido de manifestar-se sobre a pauta em questão devido à ordem judicial ainda em vigor. Informa, outrossim, que o inquérito policial trouxe de maneira cabal a verdade dos fatos e que a partir daí todas as medidas cabíveis serão tomadas."