Antes de embarcar para uma viagem ao Vaticano, onde se encontrará com o papa Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer certificar-se de que não haverá surpresas na indicação do advogado Cristiano Zanin para o Supremo tribunal Federal (STF). É por isso que ele vai se reunir, nesta segunda-feira (19), com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Comissão e Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União Brasil), no Palácio da Alvorada.
O presidente viaja nesta segunda à noite. A sabatina de Zanin na CCJ está prevista para a quarta-feira, e a indicação pode ir a plenário no mesmo dia — na contabilidade do Planalto, ele tem bem mais do que os 41 votos necessários para ser aprovado.
A conversa foi marcada após Lula se encontrar com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), na sexta-feira (16). O chefe do Executivo tenta construir um novo modelo de relacionamento com o Congresso, após o centrão da Câmara pressioná-lo a liberar cargos e emendas.
Alcolumbre prometeu a Lula ajudar Zanin a angariar votos. Cumpriu o combinado, e até mesmo as resistências pelo fato de Zanin ter sido o advogado que defendeu o petista na Lava-Jato foram amenizadas.
— Ele nos pareceu uma pessoa preparada, que defende os valores da família — disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL).
A votação passará apenas pelo Senado. Pelos cálculos do governo, Zanin deve ter de 50 a 55 votos dos 81 senadores.
Lula estará em Roma no dia da sabatina e pretende se encontrar com o papa Francisco. Depois, seguirá para Paris, onde participará de um fórum sobre economia verde com o presidente da França, Emmanuel Mácron.
Pressão
O assunto da conversa de Lula com Pacheco e Alcolumbre, no entanto, não se resumirá a Zanin. Na pauta estarão a votação do arcabouço fiscal no Senado e o Banco Central. Lula cobrará de Pacheco uma posição da Casa para pressionar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a derrubar a taxa de juros.
— O Senado precisa ter uma reação. Todos os dados da economia são positivos e só tem um danado que não está percebendo — disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
Aliados de Lula aumentaram o coro contra Campos Neto. A instituição tem autonomia e o mandato dele vai até o fim de 2024. Uma eventual substituição teria de ser aprovada pelo Senado.