O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, neste sábado (15), antes de deixar a China e embarcar rumo aos Emirados Árabes Unidos, que os Estados Unidos devem parar de "incentivar a guerra" na Ucrânia.
— É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz — afirmou Lula.
O presidente da República viajou à China para impulsionar os laços econômicos com seu principal parceiro comercial, com o qual também demonstrou sintonia diplomática em vários aspectos.
A questão da Ucrânia esteve na pauta da visita, na qual Lula quis demonstrar que o Brasil "está de volta" à geopolítica mundial, após quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, caracterizados por um afastamento da cena internacional.
Diferentemente das potências ocidentais, nem China nem Brasil impuseram sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia, e tentam se posicionar como mediadores para alcançar a paz.
— É preciso terceiros países, que mantenham boa relação com os dois, criarem as condições de termos paz no mundo. Nós não precisamos de guerra — acrescentou Lula em relação ao conflito no território ucraniano.
Tentativa de promoção da paz
Um dos objetivos da viagem de Lula à China e da reunião com Xi Jinping era justamente criar um grupo de países para trabalhar em uma solução negociada para o conflito causado pela invasão da Rússia, mas Lula não deu detalhes sobre os avanços nesse tema.
— É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia. Mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem — frisou.
Em seu encontro, Lula e Xi Jinping afirmaram que "o diálogo e a negociação" são "o único modo factível" para resolver a crise, e instaram outros países a desempenharem um "papel construtivo" para uma solução política, informou a agência estatal chinesa de notícias Xinhua.
O presidente brasileiro tem buscado um delicado exercício de equilíbrio geopolítico, consolidar a boa sintonia com a China e, ao mesmo tempo, tentar manter relações estreitas com os Estados Unidos. Em fevereiro, Lula foi recebido na Casa Branca por Joe Biden, em um encontro no qual ambos se apresentaram como defensores dos valores democráticos e do meio ambiente.
Neste sábado, Lula disse estar confiante em que esse fortalecimento das relações entre Brasília e Pequim "não é capaz de criar nenhum arranhão" com os Estados Unidos.
— Nós não precisamos romper e brigar com ninguém para que a gente melhore. O Brasil tem que procurar os seus interesses, ir atrás daquilo que necessita. O Brasil tem que fazer acordos possíveis com todos os países — enfatizou.
Chegada a Abu Dhabi
Lula e a comitiva brasileira já desembarcaram em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, por volta das 8h deste sábado, no horário brasileiro.
No país do Oriente Médio, Lula terá uma reunião com o líder máximo local, o xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, no Palácio Presidencial. O encontro entre os dois chefes de Estado marcará a segunda visita oficial do presidente Lula ao país, onde esteve em dezembro de 2003, em seu primeiro mandato presidencial.
Os Emirados Árabes Unidos estão atualmente entre os três principais parceiros comerciais do Brasil no Oriente Médio. Ano passado, o comércio bilateral entre os países alcançou a marca de US$ 5,7 bilhões, um aumento de 74% em relação a 2021, com superávit brasileiro de US$ 739 milhões. O destaque fica por conta do agronegócio, que responde por quase 60% da pauta de exportações brasileiras ao país.
Após o encontro, está prevista uma declaração de Lula à imprensa ainda neste sábado. No domingo (16), a comitiva brasileira retorna ao Brasil, com chegada projetada para 21h20min em Brasília.