Ao ser recebido por Joe Biden no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, na tarde desta sexta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso de seu governo com a defesa da democracia e do combate às mudanças climáticas.
— No Brasil, vamos fazer o que é possivel fazer. Esteja certo que os EUA e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e na luta pela preservação ambiental — afirmou.
Lula disse que cuidar da Amazônia hoje é cuidar da Terra.
— E cuidar do planeta Terra é cuidar da nossa sobrevivência — acrescentou.
Boa parte do discurso do presidente brasileiro foi dedicado ao meio ambiente e aos comprometimentos de seu governo.
— Assumi um compromisso de que, até 2030, vamos chegar ao desmatamento zero na Amazônia. Eu não quero viver num mundo em que os humanos se transformarão em algoritmos. Quero viver num mundo que os humanos sejam humanos. E, para isso, precisamos cuidar com muito carinho daquilo que Deus nos deu, que é o planeta Terra.
Lula falou logo depois de Biden dar as boas-vindas. O brasileiro também agradeceu as mensagens de apoio que recebeu do presidente dos EUA após a eleição, em outubro, e depois dos episódios violentos em Brasília, em 8 de janeiro.
Já o americano lembrou dos ataques ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e a tentativa de golpe no Brasil, em 8 de janeiro.
— As nossas nações foram testadas e, em ambos os casos, a democracia prevaleceu. Em janeiro, conversamos sobre como as nossas agendas pareciam muito semelhantes. E eu afirmei o apoio incondicional dos Estados Unidos à democracia do Brasil — declarou Biden.
O presidente americano também destacou que os dois governos têm agendas em comum.
— Como falei (no primeiro telefonema, após a posse), acredito que devemos continuar a defender, juntos, os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força em todo o mundo. Valores como: direitos humanos e Estado de direito. Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e, especialmente, as mudanças climáticas.
Lula ainda ressaltou que o Brasil não tem litígios com outros países e salientou a alegria da população:
— O Brasil tem um povo que gosta de paz, de democracia, de trabalhar, de carnaval, de samba e de muita alegria. É o Brasil que estamos tentando recolocar no mundo.
Lula também se referiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que seu antecessor se baseava em notícias falsas. O americano, então, alfinetou Donald Trump.
— Isso soa familiar — disse Biden, despertando risos entre os presentes.
Horas antes, em entrevista à CNN americana, Lula disse que não pedirá para Biden a extradição de Bolsonaro, que está nos EUA desde o fim de dezembro:
– Um dia, ele (Bolsonaro) terá de voltar ao Brasil e enfrentar os processos a que responde. Não vou falar com Biden sobre extradição do Bolsonaro, isso depende dos tribunais, e quero que ele seja considerado inocente até que seja provado o contrário, o que não aconteceu comigo.
Após 50 minutos de reunião no Salão Oval, Biden e Lula participaram de um encontro ampliado por cerca de uma hora, com os demais ministros que acompanhavam a comitiva. Foram 50 minutos a mais de conversas do que o previsto inicialmente.
Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, foram recebidos apenas por Biden no Jardim Sul da Casa Branca. Estava previsto que Jill Biden acompanhasse o marido na recepção mas ela teria se sentido indisposta. Enquanto Lula e Biden conversavam no Salão Oval, Janja fez um tour exclusivo pela Casa Branca.
A agenda entre os presidentes encerrou com um comunicado conjunto, com os Estados Unidos confirmando a participação no Fundo Amazônia.