Ouvidos pela Polícia Federal neste domingo (23) por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) afirmaram não ter prendido invasores do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro porque a iniciativa resultaria em "risco de vida". Militares vinculados ao gabinete foram flagrados interagindo com os vândalos durante o ataque ao Planalto em imagens divulgadas nos últimos dias.
A PF ouviu nove desses agentes em uma investigação sobre os atos golpistas de janeiro, que incluíram a invasão de outros prédios, como o do STF e o Congresso Nacional. Conforme informações do portal g1, foram tomados os depoimentos de militares como o major José Eduardo Natale, que foi visto oferecendo água a alguns dos invasores. Ele argumentou que o gesto teria sido uma estratégia de "gerenciamento de crise". Ele disse ainda que algumas pessoas teriam entrado na cozinha de uma das salas da Presidência atrás dele e exigido água.
Também prestaram depoimento o ex-secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI, Carlos Feitosa Rodrigues, e o ex-diretor adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do órgão, Wanderli Baptista da Silva Júnior (a lista completa pode ser conferida ao final da matéria).
Os militares alegaram que havia pouco efetivo para efetuar prisões no momento em que entraram em contato com os vândalos, em relação ao elevado número de golpistas que circulava pelas áreas internas do Planalto. A estratégia, então, seria fazer os invasores irem desocupando os andares de cima para baixo, sendo conduzidos para níveis inferiores.
O GSI é o órgão responsável pela segurança do presidente e do patrimônio da Presidência da República. A investigação que tem o ministro Alexandre de Moraes como relator no STF procura averiguar se houve qualquer forma de colaboração do gabinete com os golpistas. A íntegra do material registrado pelo circuito interno foi divulgado pelo GSI no sábado (22), também por determinação de Moraes.
A divulgação das imagens em que aparece junto a golpistas levou a um pedido de demissão do então ministro-chefe do GSI, general Marco Edson Gonçalves Dias na quarta-feira (19). O general alegou que procurava conduzir os invasores para um andar mais abaixo, onde esperava que fossem presos.
Quem foi ouvido neste domingo
- Carlos Feitosa Rodrigues, ex-secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI
- Wanderli Baptista da Silva Júnior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI
- Alexandre Santos de Amorim, coordenador de Avaliação de Riscos do GSI
- André Luiz Garcia Furtado, coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI
- Alex Marcos Barbosa Santos, adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI
- Marcus Vinícius Bras de Camargo, chefe da Assessoria Parlamentar do GSI
- José Eduardo Natale de Paula Pereira, ex-coordenador de Segurança das Instalações Presidenciais de Serviço do GSI
- Adilson Rodrigues da Silva, auxiliar da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI
- Laércio da Costa Júnior, encarregado de Segurança de Instalações do Palácio do Planalto