O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, neste sábado (22), que tenha igualado as responsabilidades de Ucrânia e Rússia na guerra que já dura mais de um ano no leste europeu. A declaração foi dada em Lisboa, depois de uma reunião realizada com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Recentemente, Lula havia dito que a Ucrânia também é culpada pela guerra e, em janeiro, destacou que "quando um não quer, dois não brigam". Neste sábado, contudo, afirmou que o governo condena a violação à integridade territorial ucraniana e que defende uma solução negociada para o fim do conflito. O brasileiro reafirmou ainda que não deve visitar Rússia ou Ucrânia neste momento.
— Eu nunca igualei os dois países, porque eu sei o que é invasão, eu sei o que é integridade territorial. E todos nós achamos que a Rússia errou. E já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas a guerra já começou e é preciso parar a guerra. E para parar a guerra tem que ter alguém que converse — disse o brasileiro.
Lula acrescentou, em entrevista coletiva, que o Brasil não quer participar do conflito, citando um pedido do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, ao Brasil, para que o país vendesse mísseis a serem doados para a Ucrânia, algo que, segundo o presidente, foi negado.
— É melhor encontrar uma saída em torno de uma mesa do que continuar tentando encontrar a saída num campo de batalha. Se você não fala em paz, você contribui para a guerra — defendeu.
Em discurso de recepção ao líder brasileiro, o presidente de Portugal afirmou que a paz no mundo pressupõe a retirada das forças armadas da Rússia do território da Ucrânia.
— Paz, para ser duradoura e justa, nos termos da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas votada em fevereiro por Brasil e Portugal, pressupõe a disponibilidade da federação russa de retirada imediata das forças armadas — disse Rebelo ao lado de Lula.
Rebelo citou uma eventual adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e defendeu soberania de Estado do país. O presidente português se dispôs também a ajudar o Brasil a retirar brasileiros que estão no Sudão em meio aos conflitos que ocorrem naquele país.
No encontro, Lula destacou o potencial para que Brasil e Portugal dobrem o fluxo de comércio exterior, hoje por volta de US$ 6 bilhões. O presidente português, por sua vez, reafirmou apoio à ratificação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.