O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que a Rússia está errada em invadir a Ucrânia. Ainda assim, sugeriu que Kiev poderia ter agido mais para evitar o conflito.
— Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam — declarou o presidente ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, com quem se reuniu hoje no Palácio do Planalto.
Lula afirmou ter mais clareza hoje para dizer cabalmente que a Rússia cometeu "um erro", mas ponderou ter ouvido pouco sobre como chegar à paz.
— A razão dessa guerra entre Rússia e Ucrânia precisa ficar mais clara — declarou o presidente. Em uma postura nacionalista, a Rússia invadiu a Ucrânia para evitar a adesão do país vizinho à Otan e frear a aproximação com o Ocidente.
Lula ressaltou que o Brasil não está disposto a fornecer armamento para o conflito, como fizeram nações ocidentais.
— O Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta, na guerra — afirmou.
O petista se disse disposto a, se preciso for, conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Logo após a declaração de Lula, Scholz afirmou que a Alemanha tem uma posição clara, que é contrária à invasão da Ucrânia.
No Palácio do Planalto, Lula reforçou que o Brasil deseja fazer parte do Conselho de Segurança da ONU, que não mais representaria a realidade geopolítica mundial e é incapaz de evitar guerras. Isso seria possível, disse o presidente, a partir do G4, formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão.
— Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força e mais representatividade — disse o petista, que pretende trabalhar pela criação de um fórum internacional semelhante ao G20 para discutir formas de encerrar a guerra. Ele afirma que vai tratar do tema nas visitas oficiais aos Estados Unidos e à China, marcadas para fevereiro e março, respectivamente.
— O Brasil está disposto a dar a sua contribuição — afirmou o presidente ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, com quem se reuniu hoje no Palácio do Planalto. Para Lula, está na hora de a China "colocar a mão na massa" para negociar o fim da guerra com a Ucrânia. Pequim tem sido uma aliada de primeira hora da Rússia no conflito.
Na mesma coletiva, ao lado de Scholz, Lula declarou ainda que a Alemanha deveria contribuir para que a Organização Mundial do Comércio (OMC) "voltasse a funcionar".
— Queremos voltar a negociar na OMC — declarou o petista, que disse gostar de instituições multilaterais.