Mercosul e União Europeia (UE) definiram cronograma para tentar resolver até junho as pendências das negociações entre os dois blocos para concluir o acordo de livre-comércio entre os dois blocos até junho.
A informação não surpreendeu os segmentos da economia que acompanham as tratativas, inclusive por preceder a visita ao Brasil da presidente da Comissão Europeia (órgão executivo do bloco), Ursula van der Leyen, prevista para abril.
Embora a tal da "vontade política" não possa ser subestimada, há ceticismo sobre a probabilidade de cumprir esse cronograma. Inclusive porque já houve outros junhos - um mês crucial para o bloco europeu por ser o último antes das férias de verão no Hemisfério Norte, quando o parlamento e outras instâncias do bloco entram em recesso.
— Se houver vontade política das duas partes é viável, mas o tempo é curto e o Parlamento Europeu está focado em ambiente e crise, e o do Brasil, em reforma tributária. Assim, creio ser difícil aprovar até junho — avalia José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Segundo Castro, há ajustes no texto aprovado anteriormente que foram discutidos até quarta-feira (8) em Buenos Aires. Outra possibilidade é "fatiar" o acordo para colocar em vigor a parte comercial e deixar temas mais polêmicos - como o da abertura das compras governamentais aos novos parceiros - para um segundo momento.
— Se chegarem a um acordo final em Buenos Aires, o próximo passo é submeter à aprovação dos parlamentos — pondera Castro.
Para lembrar, para entrar em vigor o acordo precisa ainda ser aprovado pelos legislativos dos 28 países da UE e dos quatro do Mercosul, uma tarefa desafiadora em quatro meses - considerando o que resta de março.