O inquérito aberto na segunda-feira (6) pela Polícia Federal (PF), para investigar o caso das joias que teriam sido trazidas ilegalmente para o Brasil por uma comitiva do governo Bolsonaro, vai correr em sigilo na Delegacia Especializada de Combate a Crimes Fazendários da superintendência da corporação em São Paulo.
Os investigadores têm 30 dias para concluir o inquérito, mas o prazo pode ser prorrogado se houver necessidade. Uma das primeiras medidas da investigação deverá ser o depoimento de integrantes da comitiva que trouxe as joias da Arábia Saudita.
O inquérito foi aberto por determinação do Ministério da Justiça. O ministro Flávio Dino citou "lesões a serviços e interesses" da União.
As joias foram apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021, quando um então assessor do Ministério das Minas e Energia tentou passar pela alfândega do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, sem declarar as peças. O conjunto com colar, brincos, relógio e anel da marca suíça Chopard é avaliado em R$ 16,5 milhões.
O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, admitiu que sua comitiva trouxe o que seria um "presente" do regime da Arábia Saudita para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas alegou que ninguém sabia o que tinha dentro dos pacotes, porque eles estavam fechados.
O governo Bolsonaro teria escalado três ministérios (Relações Exteriores, Minas e Energia e Economia) para tentar recuperar as joias, que seguem retidas pela Receita Federal.
Também na segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) pediu que a Receita encaminhe "todas as informações disponíveis" sobre a entrada das joias no Brasil. O órgão afirma que recebeu apenas um "relato simples" sobre a apreensão e que a denúncia só feita na última sexta-feira (3), depois de reportagens tomarem o noticiário nacional.