O ex-ministro de Justiça de Bolsonaro e alvo de operação da Polícia Federal, por conta da atuação como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres teve a prisão determinada pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, na tarde desta terça-feira (10). Ele e o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) são investigados por terem supostamente negligenciado os preparativos necessários para impedir os atos golpistas em Brasília, no último domingo.
Ele tem 47 anos e nasceu em Brasília. É formado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília e faz parte do quadro da Polícia Federal desde 2003. Torres é especialista em Ciência Policial e Investigação Criminal, com formação em Inteligência Estratégica pela Escola Superior de Guerra. Também foi professor da Academia de Polícia Civil do Estado de Roraima, da Academia da Polícia Militar do Distrito Federal e da Academia Nacional de Polícia.
Um dos últimos atos dele como secretário foi exonerar gestores técnicos da pasta no primeiro dia útil de 2023. O Diário Oficial do DF da terça-feira (3) mostra que houve três trocas - uma no setor de inteligência e outro no comando das operações policiais das forças de segurança daquele Estado.
Antes de ser ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro, desde maio de 2021, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando foi indicado ao Planalto pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Também foi, por oito anos, assessor do ex-deputado Fernando Francischini - cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por divulgar fake news sobre a eleição de 2018 - e integrou a direção da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). Nessa época, ganhou trânsito com parlamentares da bancada da bala e com a família Bolsonaro.
No ano passado, o próprio ministro virou alvo do inquérito das fake news por causa de ataques às urnas eletrônicas, e ao mover o aparato da PF para dar vazão às suspeitas do presidente contra o sistema de votação, que pretende auditar. Durante o preparativo para as eleiões, Torres enviou um ofício ao presidente do TSE, Edson Fachin, e informou que a PF poderia usar programas próprios para fiscalizar as urnas eletrônicas. O documento foi visto como uma nova tentativa de controlar as eleições.
No dia dos ataques terroristas, Torres estava de férias. Precisou voltar às pressas para a capital federal. Na segunda-feira ele foi exonerado do cargo. Horas depois, o governador Ibaneis Rocha também foi afastado, desta vez pelo STF.
“O descaso e conivência do ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública e, até então, Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres - cuja responsabilidade está sendo apurada em petição em separado - com qualquer planejamento que garantisse a segurança e a ordem no Distrito Federal, tanto do patrimônio público - Congresso Nacional, Presidência da República e Supremo Tribunal Federal - só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do Governador do DF, Ibaneis Rocha", destacou Alexandre de Moraes, no inquérito que foi aberto para investigar os atos terroristas.