Os protestos que resultaram em vandalismo nos prédios que são os símbolos dos três poderes contaram com a presença de pelo menos 200 pessoas que saíram do Rio Grande do Sul em direção a Brasília.
O número de ônibus ainda está sendo contabilizado pelas forças de segurança do país e do Distrito Federal, mas apuração de GZH chegou a pelo menos cinco coletivos: dois com partidas de Porto Alegre, um de Santa Maria, um de Santa Rosa e um de Novo Hamburgo. O dado é confirmado por fontes policiais, que trabalham com a probabilidade de que a quantidade de veículos seja ainda maior.
As identificações dos envolvidos nos atos golpistas ainda estão sendo feitas pelos órgãos de investigação, com contribuição da Brigada Militar e da Polícia Civil do RS. Há, pelo menos, dois suplentes de vereador gaúchos já identificados e um candidato a vereador, que não se elegeu.
Um desses políticos, de Nova Santa Rita, na Região Metropolitana, publicou vídeos nas redes sociais mostrando a participação nos atos antidemocráticos. Num dos vídeos, o mecânico e suplente de vereador Gilberto da Silva Ferreira, 48 anos, filiado ao PRTB, aparece no Salão Negro do Congresso Nacional invadido pelos manifestantes, vestindo camiseta da Seleção Brasileira, um boné com camuflagem militar e carregando uma bandeira do Brasil nas costas. Em determinado momento, ele desafia:
— Não chamaram o povo de gado? Agora vocês vão ver o estouro da boiada, então — conclama Ferreira, enquanto outros manifestantes quebram coisas dentro do salão.
Perto dele, uma pessoa toca um berrante (instrumento de sopro para chamar o gado), enquanto outras posam para fotos.
Nas redes sociais desse vereador predominam postagens com elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e críticas ao PT. Num vídeo dele, uma menina aparece disparando uma carabina (possivelmente de pressão) e, quando acerta o tiro numa garrafa, a criança fala: "Aqui é Bolsonaro!".
Outro político, de Santa Maria, o ex-candidato a vereador Beto Rossi, do PP, fez uma live no domingo (8) de dentro do Palácio do Planalto invadido. No vídeo, ele admite participação em vandalismo.
— Chutei janela, perdi meus óculos chutando tudo, dando pedrada, tinha que invadir os caras, uma hora não aguentei, tomei gás, tomei bomba. Cercaram agora a gente aqui. Isso é histórico. Estamos quebrando tudo, fazer o quê?! A revolta é grande — justificou.
GZH enviou mensagens a Beto Rossi e Gilberto Pereira, mas eles não responderam aos contatos da reportagem.
Todos os flagrados por depredação de prédios dos três poderes serão investigados por terrorismo e tentativa de abolição do Estado democrático de direito. As penas previstas vão até 30 anos de reclusão.