Recém-empossado em cerimônia oficial no Congresso, Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto sob aplausos de uma multidão e recebeu a faixa presidencial de forma inédita pouco antes das 17h deste domingo (1º), em Brasília. Pela primeira vez, o adereço foi entregue por um grupo de brasileiros que incluiu uma mulher negra, uma criança, o cacique Raoni, um metalúrgico, um professor e uma pessoa com deficiência.
Logo depois de colocar a peça verde-amarela sobre o peito, Lula se emocionou e chegou a chorar. Um dos principais mistérios envolvendo a cerimônia realizada ao longo de toda a tarde era justamente como seria feita a entrega do artigo — tradicionalmente alcançado pelo antecessor. Como Jair Bolsonaro deixou o cargo e o país dois dias antes do fim de sua gestão, coube ao grupo de cidadãos entregar o ornamento simbólico.
A última vez em que um presidente havia se negado a cumprir esse cerimonial foi no retorno da democracia ao país, em 1985, quando o último dirigente militar, general João Figueiredo, se recusou a transmitir o cargo a José Sarney.
Lula rumou para o Palácio do Planalto logo depois de assinar o termo de posse no Congresso Nacional e de fazer seu primeiro discurso oficial como presidente. Em sua manifestação diante de um plenário lotado, havia se comprometido a encaminhar a “reconstrução” do país e feito diversas críticas à gestão do antecessor Jair Bolsonaro.
Depois do pronunciamento, ao deixar o Congresso sob o sol inclemente do Centro-Oeste, ouviu mais uma vez o Hino Nacional e passou em revista tropas das Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica.
Diferentemente de outras cerimônias do tipo, desta vez não houve salva de tiros de canhão em respeito a pessoas sensíveis a ruídos altos e a animais. A primeira-dama e responsável pela organização da festa, Rosângela da Silva, a Janja, havia anunciado que essa tradição deveria ser aposentada.
A seguir, Lula voltou a embarcar no Rolls Royce da presidência ao lado da mulher, Janja, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e da esposa dele, Lu Alckmin, para receber a faixa. Ao pé da rampa, antes de cumprir o curto trajeto, um trompetista entoou a melodia do tradicional jingle "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". A seguir, Lula levou pela coleira a cadela do casal, batizada de Resistência e adotada em Curitiba enquanto Lula estava preso.
Estava prevista ainda uma segunda manifestação como líder do Executivo federal — a primeira diante da população — ao final de mais essa etapa da posse.