Após atos de violência em Brasília, com a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, entidades emitiram notas condenando as ações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ), ao condenar os atos, defendeu a liberdade de imprensa, que, segundo a nota, "não pode conviver com a baderna e o vandalismo". No texto, a entidade relembra o ataque a jornalistas no exercício da profissão, exigindo uma posição firme aos atentados a liberdade de imprensa e democracia.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), ao lado dos sindicatos, expressou solidariedade aos profissionais de imprensa agredidos ao longo do dia na capital federal. "Exigimos apuração e rigorosa punição dos responsáveis por este grave atentado à democracia brasileira, incluindo financiadores e realizadores. Alertamos, ainda, para a necessidade de as forças de segurança combaterem o cerceamento ao trabalho dos jornalistas, vítimas recorrentes da onda de violência das hordas bolsonaristas", diz um trecho da nota.
Em sua manifestação, a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) cobra a identificação dos culpados e de seus financiadores para as devidas responsabilizações, como exemplo de intolerância as ações vistas neste domingo.
Da mesma forma, os representantes do judiciário consideram inadmissível o ataque às instituições e lembra que, após o encerramento das eleições, os resultados devem ser respeitados. Já a Associação do Ministério Público do RS (AMP-RS) disse ter "certeza que os responsáveis pelos atos criminosos hoje cometidos serão devidamente identificados e responsabilizados com rigor e de acordo com a legislação vigente".
Para a Human Rights Watch, o ataque às sedes dos poderes em Brasília "é resultado de uma campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados para atacar os princípios democráticos e difundir alegações infundadas de fraude eleitoral".
A seguir, confira na íntegra as notas
Associação Nacional de Jornais (ANJ)
"A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condena da forma mais veemente os crimes contra a democracia que se desenrolam em Brasília.
A liberdade de imprensa é inerente ao Estado democrático de direito, que não pode tolerar ou conviver com a baderna e o vandalismo.
A ANJ condena ainda os ataques a jornalistas que fazem a cobertura das invasões em Brasília e exige uma posição firme das forças de segurança contra essas agressões e os atentados à liberdade de imprensa e à democracia."
Federação Nacional dos Jornalistas e sindicatos
"FENAJ e Sindicatos de Jornalistas repudiam atos terroristas em Brasília e se solidarizam com jornalistas agredidos
O Brasil assistiu neste domingo (08) a lamentáveis ataques à democracia brasileira, promovidos por bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições. O Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos, depredados e saqueados por terroristas a serviço de uma força política fascista, que tem como principal líder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os 31 Sindicatos de Jornalistas filiados repudiam de forma veemente a invasão aos prédios públicos e os ataques à democracia brasileira. O evento acontece uma semana depois de o país assistir a uma linda, diversa e inclusiva festa cívica, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A FENAJ e os sindicatos filiados denunciam firmemente esse agrupamento que insiste em desafiar a Constituição, mantendo acampamentos em frente a quartéis do Exército, promovendo ações terrorista em Brasília e pedindo intervenção militar.
É inadmissível a omissão do governo do Distrito Federal, bem como a leniência de parte das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal diante da escalada anticonstitucional do bolsonarismo. Em qualquer país moderno e democrático, atitudes como as que temos visto no Brasil seriam severamente reprimidas e punidas, em defesa do bem maior e coletivo.
Os jornalistas brasileiros, no exercício de seu trabalho profissional, têm sido vítimas de intimidações e agressões por membros e apoiadores desse grupo político violento e antidemocrático. São centenas os casos registrados nos últimos anos, quase uma dezena apenas na primeira semana desse ano.
Exigimos apuração e rigorosa punição dos responsáveis por este grave atentado à democracia brasileira, incluindo financiadores e realizadores. Alertamos, ainda, para a necessidade de as forças de segurança combaterem o cerceamento ao trabalho dos jornalistas, vítimas recorrentes da onda de violência das hordas bolsonaristas.
Solidarizamo-nos com as equipes de imprensa agredidas e colocamos as estruturas sindicais à disposição da categoria."
Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris)
"A AJURIS considera inadmissíveis as invasões ao Supremo Tribunal Federal, ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional promovidas nesse domingo por um grupo de criminosos. As cenas envergonham o Brasil perante o mundo e revelam o mais sério ataque aos Poderes desde a instituição da República Brasileira.
As eleições se encerraram e um novo governo foi empossado, dentro de todas as legalidades previstas no Estado Democrático de Direito. Ao campo ideológico perdedor cabe a crítica e a oposição ao novo governo dentro das regras que vigem nas democracias, mas jamais, em hipótese alguma, são toleráveis a agressão e a violência sistemática e organizada contra os pilares da República.
A AJURIS espera que todos os responsáveis pelos ataques terroristas transmitidos ao vivo para o mundo, e quem os financiou, sejam claramente identificados e responsabilizados, como exemplo que a sociedade brasileira jamais aceitará tão vil manifestação.
Claudio Martinewski, presidente da AJURIS"
Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (AMP-RS)
"A Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul - AMP/RS, entidade que congrega Promotores, Promotoras, Procuradores e Procuradoras de Justiça, ativos e jubilados, vem a público repudiar os atos de violência e antidemocráticos, hoje cometidos na capital federal, contra as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
É fundamental em um Estado Democrático de Direito que preservemos a convivência civilizada mesmo diante das mais profundas divergências, inclusive quanto aos eventuais ocupantes de funções relevantes nos poderes da República e diante de eventuais decisões por eles adotadas, sendo inadmissível o emprego de violência como forma de manifestação de contrariedade.
A AMP/RS tem a certeza que os responsáveis pelos atos criminosos hoje cometidos serão devidamente identificados e responsabilizados com rigor e de acordo com a legislação vigente.
Porto Alegre, 8 de janeiro de 2023.
João Ricardo Santos Tavares, presidente da AMP/RS"
Human Rights Watch
"Os atos de violência e vandalismo que ocorreram em Brasília no dia 08 de janeiro de 2023 constituem um ataque inaceitável contra as instituições democráticas brasileiras por pessoas que buscam negar o direito dos brasileiros ao voto e de eleger seus representantes, inclusive pedindo uma intervenção militar.
Este ataque é resultado de uma campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados para atacar os princípios democráticos e difundir alegações infundadas de fraude eleitoral.
As autoridades têm a responsabilidade de garantir a segurança no Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, bem como proteger jornalistas e outras pessoas. As autoridades locais fracassaram na adoção de medidas adequadas para proteger os principais prédios públicos federais, particularmente considerando-se os episódios anteriores de violência por parte de apoiadores de Bolsonaro, incluindo um ataque à sede da polícia federal em 12 de dezembro, dia em que as autoridades eleitorais oficialmente certificaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro.
A polícia e o ministério público precisam investigar imediatamente não apenas aqueles que cometeram os atos de violência em 8 de janeiro, mas também aqueles que os incitaram e financiaram. Os responsáveis por este ataque gravíssimo às instituições democráticas no Brasil precisam ser responsabilizados."