Anunciado na sexta-feira (9) como ministro da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Múcio Monteiro afirmou que é preciso saber se a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) a apoiadores no Palácio da Alvorada, também na sexta, tem algum respaldo das Forças Armadas. O ex-deputado disse que vai esperar o fim de semana para "maturar o que levou a isso" e se as declarações do chefe do Executivo — entre elas, a de que "nada está perdido" — podem "criar barreira" para uma transição pacífica entre os governos.
— Acho que vamos ter a noite (de sexta), dia de amanhã (este sábado,10), para se maturar o que se levou a isso e se o diálogo permanece aberto. Tive uma conversa com o ministro da Defesa, a melhor possível. Na segunda-feira (12), vou saber se essa fala de hoje redunda em criar barreira — declarou Monteiro em entrevista à GloboNews.
Quarenta dias de silêncio após a derrota para Lula, Bolsonaro conversou pela primeira vez com apoiadores. Em discurso com diversas referências ao resultado das eleições e aos pedidos de manifestantes por um golpe militar que impeça a posse do presidente eleito, o chefe do Executivo disse que "nada está perdido" e que "quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês".
Apesar de dizer que Bolsonaro "colocou a digital" na incitação ao golpe, Monteiro declarou confiar no "espírito democrático" do presidente.
— Tenho confiança no espírito democrático do presidente Bolsonaro, que ele vai querer sair com grandeza pra que seus eleitores, um dia, sonhem que ele possa voltar. Mas só se ele sair sem ruptura, respeitando a democracia — destacou.
Para o futuro ministro, Bolsonaro é "mais pacífico" do que o grupo de bolsonaristas fanáticos que estimula a ruptura da ordem democrática".
— O presidente Bolsonaro sai dessa eleição com um capital gigantesco, metade do país. Tenho absoluta certeza de que se ele quer pensar no futuro, e se os adeptos querem que ele volte um dia, tem que sair como um estadista — avaliou.
José Múcio Monteiro também afirmou que "gosta" do presidente Jair Bolsonaro — eles foram colegas na Câmara dos Deputados nos anos 1990 — e que tentará se encontrar novamente com o chefe do Executivo antes da posse de Lula.