O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira (17) querer que indígenas tenham cargos no seu governo, durante encontro com lideranças dos povos originários durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-27), em Sharm el-Sheik, no Egito. O petista, porém, não revelou quem será o titular do novo Ministério dos Povos Originários, que é uma promessa de campanha.
— Quero que aproveitem meu mandato para que eu possa contribuir com vocês — afirmou Lula. — Quero que indígenas participem da governança do país — acrescentou.
Segundo Lula, é importante que haja representantes dos povos originários ocupando cargos de liderança em órgãos como o da saúde indígena (hoje vinculada ao Ministério da Saúde).
Durante a fala, o presidente eleito também disse que os povos nativos são responsáveis pela preservação da maioria das florestas do mundo e voltou a cobrar recursos de países ricos para a conservação da biodiversidade.
— Queremos saber quanto vão nos pagar para cuidar do planeta Terra — disse.
No evento, onde havia líderes indígenas brasileiros e estrangeiros, o petista ouviu elogios e cobranças. O chefe Terry Teegee, representante dos povos originários da América do Norte, chegou a chamar Lula de "pop star". O presidente eleito esteve acompanhado da futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, durante o encontro.
Para o novo ministério, uma das mais cotadas é a deputada federal eleita Sonia Guajajara (PSOL-SP). Ela disse que não esperava que o nome fosse anunciado nesta quinta.
— Essa é uma decisão que ainda deve passar pela organização dos povos indígenas — afirmou.
Outra cotada para o posto é deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR).
A gestão Jair Bolsonaro não priorizou a agenda indígena. Durante os quatros anos de mandato, o atual presidente não demarcou nenhum território para os povos originários. Segundo Sônia, há cinco processos de terras concluídos, sem impedimentos jurídicos e que "basta vontade política" para que avancem.