Simone Tebet, 52 anos, pré-candidata à presidência pelo MDB revelou, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que é favorável à privatização como estratégia econômica somente no caso de ter algum fim social, o que ela não considera ser o caso da Petrobras. Para a atual senadora do Mato Grosso do Sul, tem muitas outras estatais para serem privatizadas antes.
A pré-candidata afirmou que entende que a privatização às vezes é importante para que se consiga pagar as dívidas deixadas pela empresa. No entanto, no atual cenário, Simone discorda da necessidade de aderir a essa estratégia com relação à Petrobras.
— Houve um momento em que se privatizou (a Petrobras) para pagar dívida. Isso passou. Temos mais 40 estatais. Mas sou contra a privatização da Petrobras. Podem haver subsidiárias e setores da Petrobras privatizados, como já tem. Mas neste momento em que mesmo estatal ela não consegue conter a alta, se não fizermos o dever de casa em relação ao refino, não dá para falar em privatizar uma estatal que está dando lucro. Vamos com calma — disse.
Para a pré-candidata, no caso da Petrobras é preciso antes de mais nada que tenha um presidente com autonomia e capacidade de dialogar com os acionistas e que entenda o papel social da empresa.
— Com esse diálogo é possível fazer uma política nacional estratégica para fazer com que a Petrobras seja autossuficiente na produção e no refino. O governo tenta intervir na Petrobras de forma totalmente equivocada. A gente tem que respeitar a Petrobras como ela é, uma sociedade de economia mista com um função social estratégica para o Brasil. É possível conciliar os dois — afirmou.
Diálogo
A atual senadora do Mato Grosso do Sul também afirmou estar disposta a abrir diálogos com demais nomes do centro político. De acordo com Simone, uma das conversas que pretende ter é com Ciro Gomes, pré-candidato do PDT. Para a senadora, esse momento será importante porque ambos compartilham ideias e projetos em comum.
— No momento certo essa conversa tem que acontecer e vai acontecer. Estamos no mesmo lado da história. Essa conversa é necessária — afirmou.
A pré-candidata revelou que mantém uma relação amistosa com o irmão de Ciro, Cid Gomes, e com o restante da família. Por essa razão, acredita que essa conversa seja mais tranquila e viável de acontecer. Simone também afirmou que entende e respeita a decisão do seu concorrente em não querer desistir da pré-candidatura.
Na segunda-feira (13), os presidentes dos partidos de centro se reunirão para discutir a possibilidade de marcarem uma reunião.
— Agora não falo mais só pelo MDB, mas sou também o PSDB e o Cidadania. Sou o centro democrático. Os presidentes dos partidos têm autonomia para conversar com os partidos que não têm pré-candidato e em seguida com os que têm — explicou.
Simone também contou que mantém contato com Luciano Huck, que estava apontando como um dos possíveis pré-candidatos, mas acabou desistindo. Em 5 de junho, o apresentador publicou um artigo no Estadão em que apresenta propostas para o Brasil.
— Eu tenho um carinho muito grande pelo Luciano Huck. Estivemos juntos em algumas ocasiões. Ele tem um compromisso social muito forte. Li a matéria e concordo com grande parte das propostas apresentadas. Não é muito diferente dos programas que estão no nosso plano de governo.
Campanha
Com relação à campanha, a senadora disse que ela, assim como o partido, valorizam e respeitam os palanques regionais, assim como reconhecem a importância do tempo de rádio e televisão dado aos pré-candidatos.
— O MDB tem 2 milhões de filiados, e eles estão às margens dos palanques regionais. O crescimento vai fazer com que a gente atraia os palanques. A democracia é a liberdade de escolha. Não quero palanque exclusivo. Quero espaço de fala. Sempre tive que empurrar portas — afirmou.
Para Simone, a política é uma via de mão dupla e não se faz sozinha. Além disso, a pré-candidata garantiu que não irá prejudicar os projetos dos demais políticos e que irá agir com transparência durante toda campanha.
— Em alguns Estados terei dois palanques, em outros vou ter que dividir com outros pré-candidatos — contou.
Pesquisas
Com relação às intenções de votos, Simone acredita que pode haver mudanças significativas quando as pessoas começarem a refletir e se interessar pelos candidatos. Com isso, a senadora enxerga a possibilidade de que seu nome possa crescer.
Para a pré-candidata, essa eleição será atípica porque os dois principais nomes que lideram as pesquisas têm rejeição de boa parte da população, o que torna ainda mais difícil prever o que poderá acontecer.
— O crescimento será proporcional à queda do desconhecimento em relação ao meu nome. Essa é uma eleição de dois rejeitados e que tem uma franja muito grande de eleitores que buscam alternativa — enfatizou.
A candidata do PSDB acredita que poderá romper as barreiras e alcançar o eleitor que está indeciso ou que quer uma alternativa diferente de planos de governo anteriores.
Relação com Tasso Jereissati
O partido de Simone nomeou Tasso Jereissati (PSDB-CE) como candidato à vice-presidência. Para a senadora, a escolha foi muito acertada e ela confia no potencial do político e na decisão dos seus colegas.
— O PSDB tem valorosos nomes. Minha ligação com o Tasso é umbilical. Tenho uma história de vida com ele — contou.
Teto de gastos e reforma trabalhista
Alguns pré-candidatos, como Luís Inácio Lula da Silva, criticaram publicamente o teto de gastos público. Para Simone, esse posicionamento é um grande equívoco de quem não está entendendo a realidade do Brasil.
— Se você não tem limite para a gastança pública, o dinheiro do povo será usado para benefícios próprios. Se não fosse o teto de gastos, de quanto seria o orçamento secreto no Brasil? — refletiu.
Com relação à reforma trabalhista, a senadora acredita que não se pode retroceder, mas que deve haver um diálogo com algumas categorias para novas propostas.
— Não dá para olhar para trás. É hora de falar de reforma tributária e uma reforma administrativa a favor do serviço público — disse.
Porte de armas
Simone afirmou que se for eleita, um dos primeiros atos do seu governo será por decreto "rever qualquer avanço de porte de armas". Para ela, temas como esse são tão complexos que não podem ser decididos com base na vontade pessoal de um único governante ou de uma determinada parcela da sociedade.
— Sou contra o porte de armas no Brasil. Votei a favor do porte de armas na zona rural, pelas mulheres. A mulher fica sozinha na sede enquanto o marido vai trabalhar e não tem como proteger seu filho — se manifestou.