O requerimento de abertura de uma CPI para investigar o gabinete paralelo mantido no Ministério da Educação na gestão de Milton Ribeiro já tem número assinaturas suficientes para permitir a criação da comissão parlamentar no Senado. Faltava apenas uma assinatura para atingir as 27 necessárias. O apoio que faltava veio do senador Alexandre Giordano (MDB-SP), que endossou a investigação no fim da manhã desta quinta-feira (23).
Pouco depois, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também assinou o requerimento. A partir de agora, a oposição já pode apresentar o pedido para a instalação da CPI ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Até o momento, o presidente da Casa se negou a apoiar a investigação, mas prometeu avaliar a situação quando receber o requerimento. Pacheco quer ouvir os líderes partidários antes de anunciar uma decisão. Se a CPI for instalada, ela deve funcionar por no mínimo 90 dias. Rodrigo Pacheco pode determinar a instalação da CPI, negar o pedido ou mesmo deixar na gaveta.
Nesta quarta (22), o governo do presidente Jair Bolsonaro mobilizou aliados para tentar barrar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério da Educação. Como revelou o Estadão, os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura tinham controle da agenda do ministro Milton Ribeiro, agendavam encontros com prefeitos e cobravam propina em troca da facilitação na liberação de recursos do MEC.
Ribeiro e os pastores foram presos por ordem da Justiça Federal de Brasília. Uma liminar emitida nesta quinta-feira (23), determinou a soltura do ex-ministro, dos dois pastores e outros dois suspeitos no caso.
O pedido da oposição para a CPI do MEC começou a circular em março, após o Estadão revelar o caso. Nesta quarta-feira (22), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) atraiu mais duas assinaturas: a dos senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Soraya Thronicke (União-MS), mas perdeu a de Renan Calheiros (MDB-AL), que se licenciou do mandato. O suplente de Renan, Rafael Tenório (MDB-AL), não se juntou à pressão para a abertura da investigação.
— Tenho certeza que nenhum dos colegas que subscrevem esse requerimento vai retirar a a sua assinatura — disse Randolfe Rodrigues.
A oposição ainda tentará atrair mais assinaturas para garantir uma margem de segurança antes de protocolar oficialmente o pedido na Mesa do Senado, o que pode ocorrer na próxima terça-feira (28). Marcelo Castro (MDB-PI) e Otto Alencar (PSD-BA) avaliam se juntar ao grupo, mas ainda resistem a colocar seus nomes no requerimento. A intenção é se blindar da ofensiva do Palácio do Planalto contra a CPI.
Quem assinou o requerimento, segundo Randolfe
- Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
- Paulo Paim (PT-RS)
- Humberto Costa (PT-PE)
- Fabiano Contarato (PT-ES)
- Jorge Kajuru (Podemos-GO)
- Zenaide Maia (Pros-RN)
- Paulo Rocha (PT-PA)
- Omar Aziz (PSD-BA)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Reguffe (União-DF)
- Leila Barros (PDT-DF)
- Jean Paul Prates (PT-RN)
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Eliziane Gama (Cidadania-MA)
- Mara Gabrilli (PSDB-SP)
- Nilda Gondim (MDB-PB)
- Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
- José Serra (PSDB-SP)
- Eduardo Braga (MDB-AM)
- Tasso Jereissati (PSDB-CE)
- Cid Gomes (PDT-CE)
- Alessandro Vieira (PSDB-SE)
- Dário Berger (PSB-SC)
- Simone Tebet (MDB-MS)
- Soraya Thronicke (União-MS)
- Rafael Tenório (MDB-AL)
- Giordano (MDB-SP)
- Izalci Lucas (PSDB-DF)