Depois de o governo bloquear R$ 1,7 bilhão do orçamento em março para encaixar as despesas no teto de gastos, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse na quinta-feira (5) que novos cortes serão necessários para compensar as "prioridades" definidas pela administração, dentre elas o reajuste que o presidente Jair Bolsonaro quer dar ao funcionalismo público.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Valle disse que existe uma preocupação com a paralisação da máquina pública por falta de recursos.
— Existe essa preocupação, mas vamos trabalhar para não ter shutdown (termo técnico para a paralisação). Parar a Receita Federal ou o Tesouro Nacional não é desejável, teremos de cortar outras despesas. Não tem cabimento a máquina parar por falta de orçamento.
Até o dia 22 deste mês, a equipe econômica tem de enviar ao Congresso relatório sobre receitas e despesas do ano, mostrando como serão cumpridas as regras fiscais, a meta de resultado primário e o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos à inflação do ano anterior.
— Maio ainda é mês desafiador. Vamos ter de achar espaço para o aumento dos servidores, temos o desafio de eleger despesas a serem cortadas para compensar as que já estão priorizadas.
Com a pressão de servidores públicos por aumento de salário, o secretário disse que a decisão sobre o reajuste é política. Na semana passada, Bolsonaro confirmou que pretende dar um reajuste de 5% a todo o funcionalismo — que teria um custo de R$ 6,5 bilhões aos cofres públicos.
— É bem provável que isso seja definido em breve.
Valle disse ainda que a equipe econômica iniciou estudos sobre a possibilidade de criar uma meta para a dívida pública. Ele afirmou que a estimativa da equipe econômica é de que a dívida pública termine o ano correspondendo a 79% do Produto Interno Bruto (PIB).